Ahmadinejad reage a eventuais sanções contra o Irã e pede garantia de “direitos legítimos”

12/05/2010 - 10h33

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Às vésperas das discussões sobre eventuais sanções impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) – que devem ocorrer no final de junho –, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu hoje (12) a garantia do que chamou de “direitos legítimos” de seu país. Segundo ele, a nação iraniana não teme as sanções e acredita na adoção de medidas lógicas, justas e de cooperação. Mas Ahmadinejad se dispõe a conversar com os Estados Unidos e outros países, se houver demonstrações de “respeito mútuo”.

As informações são da agência oficial de notícias do Irã, a Irna. "É preciso manter em mente que, por meio do clamor público, exercer pressão sobre o Irã não pode forçar a nação iraniana a rescindir os seus princípios”, disse Ahmadinejad. “Essas resoluções [que eventualmente forem impostas pelo Conselho de Segurança da ONU] não têm qualquer valor para a nação iraniana”, afirmou. “O Irã é um reduto simbólico para o mundo e as nações oprimidas. É decisiva a iniciativa de enfrentar a arrogância global.”

Ahmadinejad faz uma série de viagens aos países próximos ao Irã. No próximo dia 15, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca com uma comitiva de ministros e assessores para uma visita de dois dias a Teerã. Para Lula, é fundamental buscar o diálogo e evitar a imposição de sanções. Segundo ele, o Irã tem o direito de desenvolver um programa nuclear próprio desde que para fins pacíficos.

No seu discurso, o presidente iraniano lembrou que houve, no passado, três sanções contra seu país, assim como várias ameaças. Segundo Ahmadinejad, todas essas medidas foram “esforços inúteis”, segundo a agência de notícias. “A nação iraniana acredita na lógica, justiça, cooperação, amizade e atitude construtiva”, disse ele.

De acordo com Ahmadinejad, se os Estados Unidos e outros países ocidentais demonstrarem “respeito mútuo”, a nação iraniana se dispõe a recebê-los. O governo do presidente norte-americano, Barack Obama, conta com o apoio de franceses, alemães e ingleses em uma campanha internacional para adotar sanções contra o Irã.

Os Estados Unidos e os demais países desconfiam que o programa nuclear iraniano esconda a produção de armas nucleares. Segundo eles, os iranianos não permitem a vistoria da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) em suas usinas. No entanto, Ahmadinejad e seus assessores negam as acusações e afirmam que as usinas foram vistoriadas em várias oportunidades.

Ahmadinejad atacou hoje os Estados Unidos, acusando-os de alterarem as regras e os regulamentos existentes para se beneficiar. Segundo ele, a intenção daquele país é atacar as nações independentes. De acordo com o iraniano, o objetivo é “monopolizar o uso da energia nuclear” e da tecnologia. O assunto será tema de discussões, no final de junho, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Eles [os norte-americanos] prometeram reduzir os estoques de suas armas nucleares, mas na verdade ninguém tem informações precisas sobre suas armas nucleares e ninguém pode controlá-los”, acusou Ahmadinejad. “O Irã indicou ao mundo que os Estados Unidos não detêm mais o superpoder e não são invencíveis”, disse.

Edição: Juliana Andrade