Da Agência Brasil
Brasília – Acusado de lavagem de dinheiro supostamente oriundo de tráfico de drogas, o ex-presidente do Panamá Manuel Noriega, de 74 anos, chegou hoje à França para ser julgado pelo Tribunal de Justiça de Paris. Ele foi extraditado dos Estados Unidos. Em 1999, ele foi condenado à revelia na França a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro. A Justiça francesa quer agora realizar um novo julgamento.
Segundo a agência de notícias BBC Brasil, a Justiça da França pode pedir a prisão provisória de Noriega, já que o julgamento seria realizado em um período de até dois meses, disse o porta-voz do Ministério da Justiça, Guillaume Didier. Esse prazo só pode ser renovado uma vez, acrescentou.
De acordo com a Justiça francesa, cerca de 20 contas bancárias foram abertas em Paris e Marselha, no sul da França, por Noriega e pessoas ligadas a ele em bancos como o BNP, CIC, Crédit Lyonnais e também o Banco do Brasil. Mas o advogado do ex-presidente, Yves Leberquier, criticou o novo julgamento.
Para o advogado, as acusações foram prescritas pois se basearam em fatos ocorridos nos anos 80 e também há a questão da imunidade, como ex-chefe de Estado. O advogado de Noriega disse que “este caso apresenta grandes dificuldades jurídicas e, em razão disso, vamos pedir que a Justiça francesa se declare incompetente para avaliá-lo”.
Apontado como aliado dos Estados Unidos na época da Guerra Fria, Noriega perdeu o apoio de Washington por sua participação no tráfico de drogas. Ele foi deposto e capturado em 1989 durante a intervenção militar americana no Panamá.
Noriega foi condenado a 40 anos de prisão nos Estados Unidos por tráfico de drogas, mas sua pena acabou sendo reduzida a 17 anos por boa conduta. Porém, alguns dias antes da data prevista de sua libertação, em setembro de 2007, um juiz federal americano aprovou sua extradição para a França.
Segundo o advogado de Noriega no Panamá, Julio Berrios, a extradição do ex-líder para a França “seria o resultado de um acordo secreto entre os dois últimos governos do Panamá, os Estados Unidos e a França para que ele não retorne ao país”.
Edição: Tereza Barbosa