Mãe de JK pensou que ele estava “doido” na inauguração de Brasília

21/04/2010 - 17h55

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

 

Brasília – No dia 21 de abril de 1960, quando foi inaugurada a nova capital, a mãe do presidente Juscelino Kubitschek, a professora Júlia Kubitschek de Oliveira, comentou com a família: “Nonô doido”. Nonô era o apelido familiar do presidente. Aquela foi a primeira visita de Dona Júlia à cidade construída pelo filho. A obra foi considerada a “metassíntese” do Plano de Metas de JK , como também era conhecido Juscelino, que prometera fazer o Brasil desenvolver “50 anos em cinco”.

 

O comentário foi revelado pela neta do ex-presidente, Anna Christina Kubitschek, que é casada com o ex-vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, que renunciou ao mandato, depois de substituir por poucos dias o então governador José Roberto Arruda (sem partido), que foi acusado de envolvimento em um suposto esquema de corrupção no governo local. Arruda foi preso porque estaria atrapalhando as investigações sobre esse esquema.

 

Além de Anna Christina, Juscelino deixou cinco netos vivos, seis bisnetos e a filha Maristela, que esteve hoje de manhã no Complexo da República, em Brasília, em uma solenidade de entrega de condecorações. Maristela, que mora no Rio de Janeiro, disse que vem à cidade desde 1957, antes, portanto, da inauguração, quando se hospedava no Catetinho, sede provisória do governo federal.

 

A filha de JK lembra-se que, há 50 anos, nos dias próximos da inauguração de Brasília, Juscelino estava muito emocionado. “Papai não tinha vergonha de chorar”, disse Maristela, que o viu chorando mais de uma vez. Assim foi na missa celebrada naquele 21 de abril na Catedral de Brasília.

 

Maristela contou à Agência Brasil que mantém em seu carro um adesivo com os dizeres: JK: Procura-se Outro. “Papai, ao trazer a capital para Brasília, sem dar um tiro, conquistou um território maior que a Europa”, orgulha-se.

 

“O Brasil não teria como sobreviver neste mundo moderno de hoje se não tivesse conquistado o território. Como é que se conseguiria chegar a Rondônia? Como hoje o país seria o maior produtor de soja e o maior criador de gado do mundo?”, pergunta. “Isso tudo foi Brasília”, afirmou Maristela.

 

Quando morreu, em agosto de 1976, Juscelino morava em uma fazenda a 15 quilômetros de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, a pouco mais de uma hora de Brasília.

 

Edição: Nádia Franco