Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A elevação da taxa de importação do trigo norte-americano, numa retaliação do Brasil a subsídios concedidos pelos Estados Unidos a seus produtores de algodão, já começou a sinalizar que haverá reflexos sobre o preço do pão na capital fluminense.
Segundo o presidente da Associação dos Industriais de Panificação do Rio de Janeiro (Abipan), José Severiano Câmara, já foi observada elevação de 4% no preço da farinha de trigo de fevereiro a março. “E já está se falando em mais aumento para o mês de abril”, afirmou.
Com isso, o pão francês nas padarias, vendido hoje a uma média de R$ 6 o quilo, deverá apresentar para o consumidor carioca uma alta média de 5% até 10%, estimou Câmara. “O preço do pão francês vai ficar mais caro. Não é só a farinha, mas, depois, vêm os outros derivados [do trigo], que aumentam também. Uma coisa acompanha a outra.”
De acordo com presidente da Abipan, o setor de panificação, no Rio, teve um faturamento 7% maior que o de 2008 e a estimativa é que o crescimento seja de 9% neste ano, em relação a 2009.
Câmara, no entanto, lamenta outras circunstâncias próprias do setor, tais como a concorrência com os supermercados. “O supermercado é beneficiado mais do que as padarias na compra do fermento, do trigo. Eles têm preço melhor e tempo maior para pagar e botam preço bem diferente do cobrado pelas padarias. Isso tudo atrapalha”, queixou-se Câmara.
A Abipan é a mais antiga associação da indústria de panificação do Brasil. Criada em 1912, a entidade reúne atualmente 300 empresas de panificação da capital fluminense. Em todo o município, porém, existem 5.140 panificações. No estado do Rio, o setor emprega 25 mil pessoas, das quais entre 12 mil a 15 mil estão na capital. “Para muitas pessoas, é o primeiro emprego”, salientou o presidente da Abipan.
A entidade está participando da Super Rio Expofood, feira aberta ontem (23), no Riocentro. O evento é considerado um dos maiores dos setores de alimentos, bebidas, equipamentos, serviços e tecnologia da América Latina.