Incra diz que grileiros pressionam para retomar lote em Anapu

19/03/2010 - 11h55




Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Cinco anos após o assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, disse hoje (19) que há uma “constante pressão” por parte de grileiros e madeireiros para retomar o local conhecido como Lote 45 no município de Anapu (PA), na região onde ocorreu o crime.

Em entrevista à Agência Brasil, Hackbart lembrou que a área – um do Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do estado – já conta com produção de alimentos orgânicos e manejo sustentável, além de casas construídas e estradas prontas.

“Nosso grande desafio nesse projeto é a constante pressão dos grileiros por meio da violência para retomar nossas áreas. Estamos com nossas equipes lá, mas dependemos muito do Judiciário do estado para que impeça a retomada [da área] por grandes madeireiros e grileiros”, afirmou. Segundo ele, atrativos como a grande quantidade de madeira e castanha atraem as atenções para o lote. “A gente não tem noção do volume de recursos nessa região”, completou.

De acordo com o presidente do Incra, a maioria dos processos apresentados na Justiça do Pará por pessoas que reivindicam a posse das terras foi indeferida, mas ele reclamou da “lentidão” do Judiciário local. Só para retomada do lote, por exemplo, o tempo de espera foi de mais de um ano.

A estratégia do Incra, diante da pressão de grileiros e madeireiros, é trabalhar em parceria com prefeitos, o estado, a Polícia Federal e o Ministério Público. O órgão pretende contratar mais 50 servidores por meio de concurso para reforçar a fiscalização. Para Hackbart, a grilagem é a grande responsável pela destruição do meio ambiente, pela retirada ilegal de madeira e pela violência em Anapu.

“Com o crescimento econômico de 5,5% para este ano, é preciso que se tenha mais política pública, mais capacitação dos servidores, mais força do Estado para coibir a ilegalidade”, cobrou.

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