Blocos de maracatu enchem de cor e ritmo as ruas do Bairro Tabajara, em Olinda

15/02/2010 - 16h53








Ivan Richard
Enviado Especial

Olinda (PE) - Cinco meses antes do carnaval, o agricultor Sebastião Terêncio, 46 anos, começa o preparo de sua fantasia de caboclo de lança para, em fevereiro, desfilar por várias partes de Pernambuco em um dos blocos de maracatu de Baque Solto.

Toda a indumentária pesa mais de 20 quilos. O chapéu, feito de palha e uma estrutura de ferro, tem mais de 2 quilos. Mas o amor pelo maracatu e a forte ligação com a tradições do estado fazem todo esse peso se transformar em inspiração e festa.

“Para mim, o peso é muito pouco. Comecei a brincar no maracatu aos 15 anos de idade e, quando o sangue esquenta, a gente não sente mais nada”, contou Terêncio à Agência Brasil. Ele foi um dos que participaram hoje (15) do 20º Encontro de Maracatus de Baque Solto no bairro de Tabajara, a cerca de 10 quilômetros do centro da cidade histórica de Olinda.

Mais de 50 grupos de Maracatu de Baque Solto – ou Maracatus Rurais – de diversas regiões de Pernambuco se apresentaram no tradicional encontro. É uma festa de cores, dedicação e amor pela manifestação cultural do folclore pernambucano.

A antropóloga carioca Patrícia Monte-Mor se disse encantada com a dedicação das pessoas ao maracatu. “Conhecia o maracatu por vídeos, documentários e decidi vir ver pessoalmente. É emocionante ver essas pessoas humildes estarem em estado de glória por fazerem parte da festa”.

Patrícia ressaltou a participação de crianças no Maracatu. Para ela, essa é uma forma da tradição se manter sempre viva e forte. “Eles estão sempre se renovando”, constatou. O fotógrafo cearense José Luiz Parente contou que os personagens do maracatu são sempre muito generosos com quem quer fotografá-los. “Eles são muito generosos, todos querem ser fotografados”, afirmou.

O Maracatu de Baque Solto é composto por personagens como o caboclo de lança, a catirina, o mateus, a catita, reis e rainhas, além de outras figuras com o porta-estandarte. Todos eles dançam e cantam ao som forte de instrumentos de percussão. São vários tambores grandes - as alfaias -, caixas e taróis, ganzás e um gonguê – espécie de instrumento musical composto de duas saídas de som em forma de sino e uma vareta de metal.

O mestre de toadas puxa os cantos e o coro responde. As baianas têm a responsabilidade de cantar, outras vezes, são os caboclos, mas todos os dançarinos também podem participar do canto.