Renata Giraldi e Daniel Lima
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A presidente daArgentina, Cristina Kirchner, começa a semana com um desafio:convencer o Congresso Nacional – cuja maioria é oposição a seugoverno – de que o novo nome escolhido para comandar o BancoCentral (BC) é confiável. O desafio foi motivado pela renúnciaontem (29) do então presidente do BC, Martín Redrado – depois demais de um mês em discórdia com Kirchner. O governoargentino analisa duas opções para a substituição de Redrado:Miguel Pesce, atual vice-presidente do BC, ou Mario Blejer, um doshomens de confiança da presidente. Pelas leis do país vizinho, oBanco Central é autônomo e o presidente da instituição deve serdesignado e destituído por meio de decisão do Parlamento. O mandatode Redrado terminaria em setembro.Porém, o impasse devepermanecer por mais alguns dias. À Agência Telam, que é a imprensaoficial da Argentina, o chefe de gabinete da presidente Kirchner,Aníbal Fernández, afirmou que o governo não aceitará a demissãode Redrado até que uma comissão parlamentar - que analisa o assunto– conclua seu parecer. A expectativa é que isso ocorra atéterça-feira (2). Em decorrência de desavenças entreKirchner e Redrado houve uma crise institucional na Argentina. Pormais de três semanas, a presidente pressionou para que o titular doBC deixasse o posto. Ele resistiu. Ambos divergem sobre o uso decerca de US$ 6,6 bilhões das reservas do país para pagar parte dadívida externa em 2010. Redrado é contra, enquanto Kirchnerdefende a utilização dos recursos como prioridade. A presidentechegou a demitir Redrado por decreto, ignorando a legislaçãoargentina que determina a decisão do Congresso sobre o tema.Porordem da Justiça, o decreto determinando a exoneração de Redradofoi suspenso. O assunto é tema de investigação e análise de umacomissão bicameral do Parlamento da Argentina. Essa comissão temcondições apenas de fazer uma recomendação, não tem força dedeterminação. No Congresso, formado por 72 senadores e 257deputados federais, a maioria é oposição.