Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O carnaval é uma festa “deficitária” na área econômica econômico e “insustentável” na questão ambiental. Os recursos aplicados pelos governos no evento poderiam ser substituídos por incentivos do setor privado, e o lixo gerado nos desfiles das escolas de samba, principalmente, deveria ser reaproveitado. A avaliação é da gerente da Área de Economia Criativa do Sebrae - Rio, Heliana Marinho.“Do ponto de vista econômico, pelos nossos cálculos, o carnaval é deficitário, porque conta com muito subsídio público”, destacou a gerente que coordena desde o ano passado uma pesquisa sobre a economia do carnaval. Os resultados preliminares mostram que é preciso profissionalizar a festa, e incentivar a criação de empregos formais, além de diminuir o desperdício de materiais que não são reutilizáveis, como látex e isopor.Estimativas do Sebrae revelam que as 12 escolas de samba do Grupo Especial investem, pelo menos, cerca de R$ 4 milhões na festa, sendo que quase a metade do dinheiro vem do governo municipal. O montante não leva em conta os recursos aplicados nas escolas do Grupo de Acesso A, na infraestrutura do Sambódromo e nos recursos humanos deslocados para o local.Beneficiada diretamente com a lotação de restaurantes e da rede hoteleira, que tem a ocupação prevista em torno de 90% nesse época, a iniciativa privada deveria se comprometer mais com os custos da festa. Para Heliana Marinho, é preciso transformar o carnaval popular em business. “Os empresários tem retorno a custas do governo. É preciso uma mudança de mentalidade capaz de preparar o empresariado para assumir os subsídios e também investir mais em serviços e negócios. O carnaval é um grande momento no qual muitas pessoas de fora lotam a cidade.”Para resolver outro gargalo da festa, o lixo, a gerente sugere comprometimento das escolas desde o planejamento, no momento da compra de materiais. “Mais de 80% dos gastos das escolas são com insumos [produção de alegorias e fantasias] e infraestrutura, que dificilmente são reaproveitados em outros anos”, diz Heliana. Mesmo que escolas, no seu desmonte, encaminhem peças para rede de ensino, o desperdício é muito grande. A geração de empregos formais, de acordo com o estudo do Sebrae, poderia ser incentivada por meio da formação de profissionais na área de economia criativa em cursos técnicos e também com a capacitação em pequenos negócios, inclusive com o cadastramento de camelôs como microempreendedor. Com o título, os empresários informais teriam direito a Previdência.