Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesquisa Juventude e Políticas Sociais no Brasil, lançada esta semanapelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta para umproblema antigo, mas que ainda faz parte do cotidiano dessa população.Os jovens continuam a morrer principalmente por causa externas -homicídios e acidentes de trânsito. E as principais vítimas são oshomens.Segundo o Ipea, entre 2003 e 2005, a taxa de mortalidademédia de jovens de 20 a 24 anos foi de 261,8 por cada 100 milhabitantes no caso dos homens. Para as mulheres, o mesmo índice foi de58,4 por 100 mil habitantes. O estudo aponta que “a explicação paratal fenômeno está na violência, que ocasiona uma sobremortalidade dosadolescentes e adultos jovens do sexo masculino, fazendo que esteperíodo seja considerado de alto risco”.A socióloga eespecialista em juventude, Miriam Abromovay, destaca que o número demeninas envolvidas em conflitos tem aumentado, ainda que não apareçanos dados estatísticos. “Chama atenção o números de mulheres jovens queestão sofrendo mais por causas externas. Elas estão participando mais esendo vítimas”, afirma. Entre 2003 e 2005, morreram em médiacerca de 60 mil jovens do sexo masculino por ano. Quase 80% destasmortes foram por causas externas, majoritariamente associadas ahomicídios e acidentes de trânsito. Já entre as meninas, foram em média15 mil mortes anuais, 35% delas relacionadas às causas externas. ParaMiriam, o principal motivo do fracasso das políticas públicas desegurança para jovens é que elas não se concentram na prevenção, mas narepressão. “Ainda não existe no Brasil uma política preventiva que vejae escute esses jovens, que trabalhe com o interesse desses jovens. Pormais que os governos se esforcem, isso ainda não é realidade”, afirma.Nem mesmo a escola, na opinião da especialista, atende os interessesdesse público. “Ao contrário, a escola os expulsa”, diz. Outrofator que potencializa a violência e o número de mortes entre essepúblico é o fácil acesso às armas. “Apesar de toda a regulamentação,esse ainda é um drama na sociedade. Em tese eles não poderiam ter acessoàs armas, mas quando você escuta o testemunho deles, vê que é fácil.Custa um pouco mais caro, mas eles continuam tendo acesso”, contaMiriam. A cor ou raça também influencia nas chances de o jovemmorrer precocemente. Entre 2003 e 2005, a taxa de mortalidade dapopulação entre 18 e 24 anos foi de 204,5 para cada 100 mil jovensbrancos contra 325 para cada 100 mil jovens pretos.