Semana da Consciência Negra no Rio é aberta em tom de luta pela igualdade racial no país

16/11/2009 - 21h33

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A abertura daSemana da Consciência Negra hoje (16) no Palácio daCidade, no Rio de Janeiro, foi marcada pelo tom de luta das diversaspersonalidades presentes, resumido no discurso de encerramento, doministro da Igualdade Racial, Edson Santos.“Quero lembraraqueles que começaram esta discussão, na décadade 30, derrubando o mito da igualdade racial no Brasil e apontando ainvisibilidade e a exclusão da população negra”,disse. “A desigualdade vem desde a [Abolição daEscravatura], sem que os negros tivessem acesso à terra, ao trabalho eà educação”, completou.Ao mesmo tempo em que elogiou aprefeitura carioca e o governo do estado pela celebraçãoda semana, o ministro afirmou a necessidade de prosseguir na lutapela igualdade racial e deu a dimensão da sua importânciadizendo que mais de 46% dos jovens negros vítimas de mortesnão naturais são assassinados.  Poucoantes, em seu discurso o prefeito Eduardo Paes lembrou que foi oentão vereador Edson Santos o autor do projeto de leiinstituindo o dia 20 de novembro como Dia de Zumbi, hoje feriado emmais de 700 cidades, segundo o ministro “dia de reflexão sobre a inclusãosocial, e não dia de descanso”.Tanto o prefeitoquanto a secretária estadual de Assistência Social eDireitos Humanos, Benedita da Silva, representante do governador nasolenidade, fizeram questão de destacar a posiçãode vanguarda da cidade e do estado na agenda sobre a consciêncianegra e a igualdade racial. “A cidade do Rio não tem medo nemtemor de travar esta discussão”, disse EduardoPaes.Benedita ressaltou a idêntica posiçãodo governador Sérgio Cabral, citado em vários discursoscomo um grande aliado da questão, e garantiu que “o estado doRio de Janeiro implementa uma política de igualdade racial comcidadania, em parceria com a prefeitura e com o governo federal”.Opresidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro, Paulo Robertodos Santos, endossou o engajamento do governo na causa, apontando oestado do Rio de Janeiro como pioneiro na criação doferiado do Dia da Zumbi e da Consciência Negra e tambémna recente lei estabelecendo o candomblé como patrimônioimaterial da cultura e do povo fluminense.“Nelson Mandelaacreditou na luta, Martin Luther King disse I have a dream (eutenho um sonho) e Barack Obama disse we can (nós podemos).Esta é a nossa luta, pelo fim da segregação,pela adoção do sistema de cotas em todo o país”,disse.Convidado especial para a solenidade, o ator negronorte-americano Denny Glover roubou a cena com um discurso de fortecunho ideológico em que destacou o papel emergente do Brasilno contexto mundial: “O Brasil das grandes possibilidades éo lugar ideal para as mudanças que perseguimos. Nenhumamentira dura para sempre, e a nossa jornada é longa porque oque queremos é importante. A igualdade racial está noslábios de todos ao redor do mundo, a discussão vem debaixo para cima, todos somos essenciais para esta mudança deparadigma, de como nós pensamos nós mesmos”,discursou.Terminada a cerimônia, começou a festa,com a cantora Nilze Carvalho e o Sururu na Roda abrindo aapresentação com o samba Sorriso Negro, cujaprimeira estrofe canta:  “negro é a raiz da liberdade”.ASemana da Consciência Negra foi precedida pelo 3º Encontro deCinema Negro Brasil, África e Américas que se estenderáaté o fim do mês, com debates, shows de músicapopular e a apresentação da ópera de AltayVeloso Alabê de Jerusalém, na noite de sábado (21).