"Parecia uma guerra", conta morador que assistiu a tiroteio entre traficantes no Rio

17/10/2009 - 18h15

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores de Vila Isabel, na zona norte do Rio, afirmam que nunca viram um tiroteio tão intenso quanto o da madrugada de hoje (17), quando traficantes rivais disputaram pontos de venda de drogas no Morro dos Macacos. “Teve muito tiro aqui à noite inteira. Vi até clarão. Moro aqui há mais de 20 anos e nunca presenciei essa quantidade de tiros. Parecia uma guerra de verdade, com tiros de longe e de perto, no morro todo”, contou o produtor musical Felipe Covazzoli.O tiroteio começou por volta da 1h, quando traficantes da favela São João invadiram o Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Pela manhã, a Polícia Militar tentou combater o confronto e teve um helicóptero atingido por tiro. A aeronave fez um pouso forçado, em um campo de futebol da favela São João, e em seguida explodiu. Em consequência disso, dois PMs morreram e  três ficaram feridos.Com o tiroteio, vários moradores ficaram desabrigados durante à noite, porque tiveram medo de subir o Morro dos Macacos. O garçom João Gonçalves conta que ficou fora de casa das 2h às 14h, esperando “as coisas acalmarem”.Para chamar a atenção da polícia para o confronto entre os traficantes, os moradores do morro atearam fogo em pneus em frente à carceragem da Polinter, em Vila Isabel, e jogaram pedras em viaturas policiais.O delegado de plantão, Orlando Zaccone, disse que chegou a suspeitar de uma tentativa de invasão da unidade, mas concluiu que era um protesto. “Inicialmente, a informação era a de que havia possibilidade de invasão. No entanto, com a chegada da Core [Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais da Polícia Civil] entendemos que era uma forma de chamar atenção em uma das entradas favela. Após a chegada da polícia, várias famílias entraram e saíram da favela.”A disputa entre traficantes e policiais se estendeu ao longo do dia. Tiros atingiram uma escola municipal, provocando um pequeno incêndio, controlado rapidamente. Ao final do dia, a cúpula da seguranaça instalou um gabinete de crise e montou um cerco policial ao Morro dos Macacos e à favela São João.