População brasileira envelhece e taxa de fecundidade diminui, mostra Ipea

01/10/2009 - 11h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apopulação brasileira vai superar em breve 200 milhõesde pessoas e está envelhecendo em ritmo acelerado, enquanto ataxa de fecundidade vem diminuindo. A constatação éde pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea), com base na última Pesquisa Nacional por Amostra deDomicílios (Pnad), divulgada em meados de setembro peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).A Pnadindica que a taxa de fecundidade no Brasil atingirá o nívelde 1,8 filho por mulher, ante 2,85 filhos em 1991. Em 2030, o paísdeverá apresentar uma população de 206,8 milhõesde pessoas. Esse número, entretanto, poderá cair para204,7 milhões, em 2040. A queda prevista decorrerá doaumento da taxa de sobrevivência somado à reduçãoda fecundidade. Isso significa que a populaçãobrasileira ficará “superenvelhecida”, como ocorre emmuitos países europeus, além do Japão e Rússia,mostram os pesquisadores.Aperspectiva é de evolução do grupo dos idosos,em especial. De acordo com a Pnad, a população idosa,que era 7,9% da população total em 1992, passou aresponder por 11,1%, no ano passado. No sentido inverso, a populaçãomenor de 15 anos começou a declinar, passando de 33,8% departicipação para 24,5% do total, em 2008.Na análisedo Ipea, as pessoas com idade superior a 45 anos constituem o únicogrupo populacional que deverá mostrar avanço entre 2030e 2035. A estimativa é de que a população jovemem idade ativa, entre 15 e 29 anos, sofra reduçãoacentuada a partir de 2010. Os novos empregos que serãocriados no país ficarão concentrados nas pessoas acimade 45 anos que deverão responder por cerca de 48,3% da futurapopulação em idade ativa.Sobre afecundidade, os pesquisadores observaram que a reduçãoda taxa ocorreu em todas as regiões brasileiras, com destaquepara o Sudeste que, tanto em 1992 quanto em 2008, apresentou a maisbaixa taxa. No ano passado, ela ficou em 1,6 filho por mulher. Oestudo do Ipea mostra também diminuição dasdiferenças regionais. Enquanto uma mulher nordestina tinha 1,2filho a mais que uma mulher do Sudeste, em 1992, no ano passado adiferença caiu para 0,5 filho na mesma base de comparação.O estudomostra que a taxa de fecundidade é mais alta entre as pessoasde baixa renda, embora os diferenciais estejam sendo reduzidos aolongo do tempo. Em 1992, a diferença era de 3,4 filhos entreas mulheres pobres e ricas. O número caiu, em 2008, para 2,2filhos. Outra constatação é que a elevaçãoda escolaridade influencia na taxa de fecundidade das brasileiras.Quanto maior o tempo de estudo, menor o número de filhos.Ainda deacordo com a Pnad, a estrutura familiar brasileira sofreumodificações entre 1992 e 2008. O tipo de arranjopredominante à época era o do casal com filhos (62,8%do total). No ano passado, esse modelo representou 50,5% do total dearranjos familiares. Houve também um aumento significativo defamílias chefiadas por mulheres, que subiram de 4,5% para31,2% no período pesquisado, somando 4,3 milhões defamílias, em 2008.Essaelevação está relacionada ao crescimento daparticipação feminina no mercado de trabalho, segundo oestudo do Ipea. O aumento da proporção de mulherescônjuges que contribuem para a renda familiar evoluiu de 39,1%para 64,3%.A pesquisamostra também declínio no que se refere àfecundidade na adolescência em todas as regiões do país,a partir de 2000. Em 1992, para cada mil adolescentes, eramregistrados 91 filhos nascidos vivos. Em 2008, esse númerocaiu para 69 filhos nascidos vivos.