Mediador apela para que Manuel Zelaya volte à Presidência de Honduras

29/07/2009 - 22h39

Roberto Maltchick
Enviado especial da EBC
Tegucigalpa (Honduras) - O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, apelou hoje (29),durante reunião de cúpula dos países da America Central, para que opresidente provisório, Roberto Micheletti, e o Congresso de Honduras,aceitem a volta de Manuel Zelaya ao poder. Segundo Arias, casocontrário, todo povo hondurenho será prejudicado. "Honduras irá cair nomais completo ostracismo", reforçou o mediador internacional da crise.O Tribunal Eleitoral de Honduras já avisou que não vai sugerir ao Congresso a antecipação das eleições, previstas para novembro.A antecipação do pleito é um dos pontos mais importantes do chamado Acordo de San José, que prevê ainda a volta de Zelaya e uma anistiapolítica para os crimes de natureza política que, supostamente, foram cometidos porZelaya e pelos militares que detiveram o presidente deposto em 28 de junho.Ogoverno provisório minimizou hoje o impacto da decisão dos EstadosUnidos de cancelar os vistos diplomáticos de quatro autoridadesenvolvidas com o golpe. De acordo com Roberto Micheletti, suspender osvistos não afeta a população.Mas o governo de fato sepreocupa, e já busca alternativas para sobreviver às sançõeseconômicas. Todos os programas de financiamento internacional foramsuspensos e, segundo os empresários, o turismo caiu 70%. Asmultinacionais que têm fábricas no país, como a Nike e a Adidas,ameaçaram em carta deixar o país. Aliados de Zelaya dizem que,praticamente, não há mais investimentos no país. "A situação édramática. Temos uma queda brutal das transações comerciais", disse Aristides Carranza,vice-presidente de Zelaya.Já o presidentedo Conselho de Empresas Privadas de Honduras, Amilcar Zulnes, disse à Agência Brasil que, apesar das sanções internacionais, o governo Micheletti vaisobreviver. Segundo ele, se for preciso, os empresários locais vãosocorrer o governo, pelo menos, nos próximos meses. "As fábricas estãofuncionando, os portos e aeroportos também. O setor produtivo está empleno funcionamento", garantiu Zulnes.Lenir Coltro, uma nutricionistagaúcha, que vive há 22 anos em Tegucigalpa, acredita que o governoMicheletti vai ter dificuldades para enfrentar as barreiraseconômicas internacionais. Ela é uma dos 500 brasileiros que vivem emHonduras. Segundo ela, o país certamente entrará em recessão. "Sabemosque os próximos meses serão difíceis. Por isso, temos que trabalharmais. Essa crise pode servir para estimular o povo hondurenho",ressaltou Lenir.