Analista discorda que ano eleitoral vá provocar alta dos juros

25/07/2009 - 0h06

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ovice-presidente da AssociaçãoNacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade(Anefac),Miguel José Ribeiro de Oliveira, discordade analistas que projetam elevação da taxa básica de juros (Selic) nopróximo ano, entre outras razões, por causa das eleições.“Nãocompactuo com esse pensamento de que inevitavelmente no ano que vemas taxas vão subir.”

Deacordo com Oliveira, não há espaço no ambiente econômicoatual para alteração na tendência dos juros. Ele lembra que ainflação não é uma preocupação, com os índices no atacado, porexemplo, controlados e consequentemente no varejo.

Segundo oanalista, para que haja elevação dos juros, duas situaçõesdeveriam ser levadas em conta. Uma seria uma projeção do câmbioque provocasse elevação nos preços. Mas nesse caso está ocorrendo o contrário: o dólar está caindo cada vez mais echegou a patamares abaixo de R$ 1,90. A outra envolveria os índices de preços do atacado, que se refletem nos preços dovarejo no futuro e estão com deflação.

“Ainda poderíamos ter outro fator, que seria uma pressão muito forte de demanda.Ou seja, se o pessoal realmente comprasse muito, houvesse muitaprocura por produtos. Mas nós não temos pressão", assinalou.

O analista acrescentou que a demanda tem crescido, mas deforma contida. Ele destacou comofator inibidor da elevação dos juros o fato de a taxa básicacontinuar muito elevada, mesmo com a redução da últimaquarta-feira, quando passou para 8,75%.

“Sóteria sentido acontecer isso, se nós tivéssemos uma pressão muitogrande por conta da elevação do preço do petróleo no mercadointernacional, pela alta do dólar, pela volta da crise ou por umafalta de confiança muito grande. Isso não está previsto nohorizonte,” comentou.

Mesmo assim, ele acredita que a redução da taxa básica passará a ser menor. Para ele, este ano promete mais dois cortes de0,25 ponto percentual, levando a taxa a 8,25% ao ano até dezembro.Para Oliveira, esse seria o piso, entre 8% e 8,5%. “Queconvenhamos, ainda é muito alta se comparado a outras economiasestáveis. Então, precisamos rever isso.”

Outra questão é a fuga dos investidores para a caderneta depoupança. A redução da taxa básica, que de janeiro para cá jásofreu cinco cortes, passando de 13,75% ao ano para 8,75% ao ano, tempreocupado o governo com a migração das aplicações dos fundos derenda fixa para a poupança. Esses fundos aplicam em títulos dogoverno, que são remunerados pela Selic e pagamimpostos. Já a poupança, apesar de oferecer rendimentosmenores, é isenta.

“Nãoacho que ela possa cair mais por conta da questão da própriapoupança. A queda da rentabilidade dos títulos públicos pode fazercom que se migre das aplicações dos fundos para as poupanças, oque seria um problema para o governo para financiar a dívidapública”, disse Oliveira.