Especialistas discutem no Rio de Janeiro políticas sobre drogas

23/07/2009 - 20h27

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Especialistas, representantes governamentais e de organizações da sociedade civil estão reunidos hoje (23) no Rio de Janeiro paradiscutir os avanços e desafios das políticas sobre drogas implementadasno país. Durante o encontro, os participantes vão elaborar propostasque serão apresentadas na 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública(Conseg), prevista para agosto em Brasília. De acordo comLuciane Patrício, assessora especial da Conseg, a expectativa é que asdiscussões ajudem o Brasil a elaborar um novo paradigma para a políticade drogas, com enfoque multidisciplinar entre segurança pública, saúde,educação em consonância com os princípios de direitos humanos.“Ofoco que percebemos muitas vezes é voltado para o traficante e não parao tráfico, o que acaba valorizando uma perspectiva de varejo. É precisoentender que o tráfico de drogas representa aspectos econômicos,organizacionais, de produção, entre outros. É essa percepção que vai sedesdobrar em uma política mais ampliada, não se resumindo a uma açãoque gera vitimizações de policiais, criminosos e cidadãos comuns”,afirmou ela.O antropólogo Rubem César Fernandes, diretor daorganização não governamental (ONG) Viva Rio, também defendeu redefinições noenfoque dessas políticas. Segundo ele, é preciso testar novasdiretrizes que não sejam baseadas na “política fracassada de guerra àsdrogas”. “Esse modelo, em vez de vencer a guerra e combateros problemas, permitiu que eles se tornassem mais complexos, trazendoimplicações desastrosas, que são a expansão de um mercado de umaeconomia criminal e o fortalecimento do crime organizado, promovendo umdrama coletivo vinculado à violência”, definiu.A psiquiatra MadalenaLibério, representante do Ministério da Saúde, também destacou aineficiência de modelos baseados principalmente na repressão ao usode substâncias ilícitas que, segundo ela, tem como resultado aescalada da violência. Madalena acredita que a políticasobre drogas deve contemplar também a ampliação do acesso aotratamento de reabilitação e a qualificação desses serviços.“Se a gente reprime, o resultado é a violência. Nasnossas políticas é preciso haver a percepção da redução dedanos como marco do trabalho. Por isso, temos que ampliar o acesso aotratamento para as pessoas que queiram largar as drogas, além dequalificar a nossa rede de cuidados, enfrentando a questão dosestigmas. Precisamos entender que quem procura os serviços não é adroga, mas o sujeito, que precisa ser acolhido e atendido em suasmúltiplas dimensões”, acrescentou.A representante do Ministério da Saúde também lembrou que o uso de entorpecentes temaumentado entre crianças e jovens, e que a elevação do consumo dedrogas sintéticas, como o crack e seus derivados, também exigeatenção específica do estado.