Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao apresentar hoje (17) balanço dostrabalhos do semestre, para um plenário praticamentevazio, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixou claroque não renunciará ao cargo ou ao mandato por conta das denúnciasde irregularidades administrativas que têm atingido, inclusive,parentes seus.“Os insultos e as ameaças não meamedrontam” afirmou o presidente do Senado. Ele acrescentou que asua força para continuar a promover as reformas administrativas epolíticas a que se propôs quando tomou posse está “na grande paixão” às instituições e à democracia.“Dá-me força a grande paixão que tenho pelas instituições nacionais nacionais,pela vida democrática que aprendi a amar, o zelo pelo CongressoNacional”.Sarney recorreu a uma frasedo filósofo Sêneca para definir a estratégia que adotou diante dapressão de senadores de vários partidos, inclusive do PMDB, quepedem o seu afastamento da presidência. “Sêneca dizia que grandesinjustiças só podem ser combatidas com três coisas: silêncio,paciência e tempo”.No discurso, Sarney lamentou ter sidoabandonado pelo Democratas (DEM), partido que, segundo ele, tem sidoparceiro há muitos anos. Ele aproveitou para citar o trabalho feitopelo primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), que consideraum companheiro leal que tem feito um bom trabalho à frente dasecretaria.José Sarney disse que sempre pautou seustrabalhos pelos princípios da ética e da legalidade. “Não soumovido por um sentimento menor, tenho consciência que agi em nome doSenado Federal”, afirmou.O parlamentar atribuiu ao jornal OEstado de S.Paulo a responsabilidade pela “campanha pessoal”movida contra ele. Segundo o senador, esta suposta campanha do jornallevou outros veículos de comunicação a conduzirem-se na mesmadireção.Sarney ressaltou que suas ações “não sãoapenas palavras” mas 50 anos de vida pública. “Essa é a minhaforça”, afirmou. Ele lembrou que nas três vezes em que assumiu apresidência encontrou o Senado mergulhado em crises e conseguiureerguê-lo e, agora, segundo ele, não será diferente.“EstaCasa deve a mim, na minha primeira gestão, a implantação de todo osistema de comunicação. Fizemos uma reforma administrativa”,disse.O senador destacou que, quando assumiu o cargo emfevereiro, comprometeu-se a trabalhar em duas frentes: uma reformaadministrativa profunda e outra de caráter institucional e devalorização política do Senado. Neste sentido, o presidentereconheceu que “avaliou mal” todo o contexto e as denúncias deirregularidades administrativas acabaram por inviabilizar a reformainstitucional que pretendia para a Casa.No balanço dosemestre ele fez um relato de todas as medidas adotadas, a maioriauma reação as denúncias publicadas pela mídia. Entre elas, porexemplo, destacou a extinção dos 663 atos secretos e as demissõesdos diretores Agaciel Maia (Diretoria-Geral) e João Carlos Zoghbi(Recursos Humanos).Outras medidasrelatadas dizem respeito à economia promovida por sua administraçãocom a revisão de contratos e licitações, com a restrição do usode passagens aéreas por parlamentares, a criação do Portal daTransparência do Senado e a contratação da Fundação GetulioVargas (FGV) para promover a reforma administrativa da Casa.Opresidente do Senado também destacou o fato de a Casa encerrar osemestre legislativo com todas as matérias votadas.