Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma pequena cidade do norte de Minas Gerais concentra o maior número deprodutores de cachaça de alambique do país. Com mais de 50 marcasregistradas, a pinga de Salinas está entre as artesanais mais vendidasno mercado interno e se prepara para ganhar o exterior, segundo aAssociação de Produtores de Cachaça de Salinas (Apacs).Distante600 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade intitulada capital mundialda cachaça tem 37,3 mil habitantes e emprega cerca de 1,5 mil naprodução de 2 milhões de litros por ano da bebida, podendo superar 2,5mil empregos na safra da cana-de-açúcar. Em impostos, o setor contribui com maisde R$ 2,5 milhões.“Do ponto de vista da agroindústria, é aprincipal fonte de arrecadação. Mas tende a ser a primeira, no próximoano. Com novos negócios e com o aumento da produção, temos aexpectativa de ampliar ”, afirma o prefeito de Salinas, José Antônio Prates.“Considerando que a cachaça é um produto artesanal, ocupa um espaçoprivilegiado.”Para ampliar as vendas, a cidade organiza,entre os dias 17 e 19 deste mês, o 8º Festival Mundial da Cachaça,evento que deve movimentar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões e atrairde cerca de 10 mil pessoas, entre turistas e empresários.Deacordo com a organização da feira, embora empresas da cidade jáexportem, as vendas para o exterior ainda não são o forte do evento.“Pode ser que venha gente de fora, estamos nos preparando. Mas, porenquanto, nosso foco é o mercado interno. Vamos receber grandesdistribuidores nacionais, de supermercados. Contamos com a agenda derelacionamento do Sebrae”, informou a responsável pelo festival, RenataRodrigues.Segundo a Associação de Produtores de Cachaça deSalinas, para abrir as portas do mercado internacional de uma vez, osetor está se adequando para conseguir um selo de rastreabilidade,concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi),comprovando a qualidade e a origem da bebida. Técnicos trabalham paraajustar a produção às exigências normativas.“Temos que ter esseselo, que garante que o processo de produção respeita o meioambiente, tem boas práticas agrícolas, é artesanal, feito comfermento caipira e destilado em alambique de cobre”, explicou opresidente da associação, Nivaldo Gonçalves.Para incentivar osempresários, o Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac) destaca que aspingas de alambique têm grande potencial. “O consumidor internacionalainda não tem o hábito de tomar a cachaça pura, prefere em coquetéiscomo a caipirinha. Estamos tentando mudar isso por meio decampanhas”, disse o diretor executivo da instituição, Carlos Lima.Segundoo Ibrac, a cachaça atrai a cada ano mais compradores fora do Brasil. Asexportações da bebida cresceram 18% entre 2007 e 2008. No ano passado, ovalor arrecadado com a venda do produto, enviado para cerca de 55países, chegou a U$ 16 milhões.