Defesa cria comitê de supervisão a buscas do Araguaia sem incluir parentes de desaparecidos

09/07/2009 - 16h19

Luciana lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Defesa criou um comitê para supervisionar o trabalho debusca da história da Guerrilha do Araguaia sem a participação deparentes dos mortos e desaparecidos na região. A informação foi dada hoje (9) peloministro Nelson Jobim, em audiência pública na Comissão de DireitosHumanos da Câmara dos Deputados. Jobim alegou que aparticipação dos parentes tem um impedimento legal: o fato de que asfamílias são parte na ação que condenou a União a realizar as buscas decorpos na região do Araguaia. “Não é possível a participação dosfamiliares, porque eles são parte da ação. Por isso, não aceitei asugestão do ministro Paulo Vannuchi [secretário especial de DireitosHumanos da Presidência da República]. O Ministério Público,que ainda dará parecer no processo, também não pode participar dasbuscas”, disse o ministro na audiência.Ele informou quechegou a convidar parentes e integrantes da Comissão de Mortos eDesaparecidos – órgão ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos– para participar do grupo de trabalho na condição de observadoresindependentes. “Não tive resposta nenhuma. A resposta que tive aoconvite, feito em particular, foi por meio de nota a imprensa, publicadacom o objetivo de questionar a legalidade do grupo de trabalho”,reclamou Jobim.Na nota, divulgada há um mês, a Comissão dosFamiliares de Mortos e Desaparecidos Políticos critica a falta departicipação nas buscas e contesta a participação do Exército.OComitê Interinstitucional Supervisor, além de acompanhar os trabalhostécnicos, poderá também propor diligências, coletar depoimentos ereceber informações sobre o Araguaia. Presidido peloministro da Defesa, o comitê contará também com a participação do ministroVannuchi. O Ministério da Defesa convidou ainda para compor o comitê oex-ministro da Justiça José Gregori, que criou a Comissão deFamiliares de Mortos e Desaparecidos; o ex-procurador geral daRepública Cláudio Fonteles, além de jornalistas com trabalhospublicados sobre o assunto. indicado pelo PCdoB, o ex-deputado federal Aldo Arantes também integrará o grupo.“Tenho resistência a aceitar um deputado queesteja no cargo para que essa questão não vire uma questão política. Jáestive nessa Casa [Câmara dos Deputados] e sei como as coisas funcionam”, disse Jobim, justificando o fato de ter recusado o nome do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), anteriormente indicado pelo partido para participar do trabalho.