Flávia Albuquerque
Repórter
São Paulo - A redução dasdiferenças sociais nos grandes centros urbanos, que trazemconsequências negativas para as crianças e os adolescentes pobres,é o principal objetivo da Plataforma dos Centros Urbanos, lançada hoje (8) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), noRio de Janeiro, e ontem (7), em São Paulo.O projeto vai funcionarcom a união dos governos municipais, estaduais e federal e de gruposlocais de articulação para atingir 20 metas municipais e 30 metascomunitárias nas áreas de educação, saúde, assistência social eproteção. Por enquanto, a iniciativa será implantada nosmunicípios de São Paulo, Itaquaquecetuba e Rio de Janeiro. Aexpectativa da Unicef é alcançar essas metas até 2010 e, a partirde uma avaliação dos resultados obtidos nessas localidades,estender o projeto para outras cidades.Segundo a Unicef, asmetas serão alcançadas por meio do desenvolvimento de estratégiascomo a articulação política dos diferentes atores sociais para queatuem em conjunto; a mobilização social dos governos, organizaçõesnacionais e internacionais, empresas e a sociedade em geral; odesenvolvimento de capacidades dos agentes que atuam na área dainfância e adolescência; o monitoramento e avaliação da situaçãode crianças e adolescentes que vivem em comunidades populares; e oreconhecimento das prefeituras que alcançarem as metas.Para o conselheiro doConselho Nacional da Criança e do Adolescente (Conanda), Ariel deCastro Alves, crianças e adolescentes que vivem em situação de ruaprecisam ser prioridade para a Plataforma dos Centros Urbanos.Segundo o último levantamento feito em 2007 pela FundaçãoInstituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), há cerca de 1.842crianças que vivem nas ruas de São Paulo. Dessas, 60% têm entre 12e 17 anos e 40%, entre 7 e 11 anos.De acordo com Ariel,crianças e adolescentes relataram recentemente ao Conanda que nãotêm recebido assistência do município. “Elas reclamaram da faltade programas sociais e contaram que o programa São Paulo Protegesuas Crianças, que até 2008 era atuante, este ano não está maisocorrendo”. Segundo oprefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, os projetos de proteção àscrianças e aos adolescentes continuam em andamento. Ainda segundoele, o São Paulo Protege suas Crianças funcionará de maneiraintegrada nas áreas de saúde, assistência social, educação.“Temos expectativa positiva de encontrar o caminho para recuperaressas crianças e jovens.”Dados daSecretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social indicam que, em2005, cerca de 3 mil crianças e adolescentes ficavam nos semáforosem 188 cruzamentos da cidade. Em 2007, esse número caiu para 2 mil.Em geral, essas pessoas são da periferia ou de outras cidades daGrande São Paulo. Os dados apontam ainda que cada criança ganha pordia R$ 30 – nos cruzamentos de maior movimento, conseguem tirar R$80. Por ano, esse valor pode chegar a R$ 10.800. O ganho anual dascerca de 2 mil crianças que trabalham nos semáforos é de cerca deR$ 25 milhões.