Dois anos depois, investigações sobre acidente com Airbus da TAM ainda não foram concluídas

08/07/2009 - 17h17

Akemi Nitahara
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Quase dois anos depois do acidente com o avião da TAM, que matou 199 pessoas em São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, foi concluído apenas um dos três processos de investigação. O relatório da Polícia Civil de São Paulo é de dezembro doano passado e tem 40 mil páginas.RobertoGomes, assessor de imprensa da Associação dos Familiares das Vítimas do Acidente da TAM (Afavitam), explicou que ainda faltam as conclusões da Polícia Federal e do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de AcidentesAeronáuticos(Cenipa)."Estamos acompanhando, falta ainda a concretização das investigações da Polícia Federal de São Pauloe do Ministério Público Federal em São Paulo, que ainda estão emabertas, e falta a divulgação do relatório do Cenipa. Segundo opróprio Cenipa, o relatório está pronto, aguardando os técnicos estrangeiros, que participaram da investigação, apresentarem seus laudos, porque elesestão revisando a parte das suas atuações.Segundo Gomes, que é irmão de uma das vítimas do acidente, o inquérito daPolícia Federal está sob segredo de Justiça, por decisão do MinistérioPúblico Federal, enquanto o do Cenipa é confidencial por norma internacional.Ainformação que os parentes têm é que o processo na Polícia Federalestá parado, porque o delegado responsável foi afastado do caso. NoCenipa, o processo está em fase de conclusão e será divulgado primeiropara os parentes das vítimas.Roberto Gomes lembrou que as investigações da 27ªDelegacia de Polícia de São Paulo pediu o indiciamento de 13 pessoas daTAM, da Agência Nacional de Avião Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), além da empresa Airbus, fabricante do avião."A Airbus,porque ela não colocou um alarme para os manetes, que era um itemrecomendado por ela, que é um alarme que alertaria se os manetesestivessem assimétricas. A TAM, porque descumpriu a norma da Anac, queproibia o pouso de aeronaves em Congonhas sem o reverso total, comexcesso de combustível em dias de chuva, e a Anac, porque não obrigou asempresas a cumprir as regulamentações nem fiscalizou", disse o assessor.Para Gomes, a morte das vítimas foi anunciada, já que nos dois diasanteriores ao acidente, foram emitidos 13 relatórios de perigo emCongonhas, sem nenhuma providência das pessoas e autoridades responsáveis."Antes daquele acidente, um dia antes, um outro piloto quase nãoconseguiu pousar aquela mesma aeronave que se acidentou, e fez umrelatório de perigo, que foi encaminhado para a TAM e por sua vez paraa Anac. Resultado: nada, não fizeram nada. Cerca de treze relatórios deperigo envolvendo a pista foram emitidos. Na minha concepção, eu digoem alto e bom som, que o meu irmão e mais as outras 198 vítimas foram assassinadas. Havia várias questões que poderiam ser evitadas, bastavaas autoridades terem a competência e não serem negligentes, bastava asempresas aéreas não serem gananciosas e respeitarem a normatização.Nas homenagens aos dois anos, a Afavitam vai decorar os tapumes do local do acidente na manhã do dia 17, uma sexta-feira, terá um manifestação no Aeroporto de Congonhas, às 18h50, hora do acidente, um minuto de silêncio e depois um ato ecumênico. No sábado, dia 18, será celebrada uma missa e no domingo, dia 19, um pequeno concerto, Tributo Pela Vida. A prefeitura de São Paulo deve construir um memorial em homenagem às vítimas, com projeto do arquiteto Ruy Otake.