Isenção de imposto é insuficiente para estimular venda de motos, dizem industriais de Manaus

30/06/2009 - 17h06

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Asempresas do setor de duas rodas do Polo Industrial de Manausavaliaram como positivas a prorrogação da isenção de imposto nacompra de alguns produtos e a redução do custo de financiamentopara vários segmentos da indústria, mas as consideram insuficientespara impulsionar a venda de motocicletas na região. Segundo odiretor executivo do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam),Ronaldo Mota, a esperada retomada das vendas do setor ainda nãoocorreu. “As medidas, obviamente,foram positivas pois, do contrário, haveria perda de empregos.Contudo, o consumo de motocicletas atualmente está abaixo doesperado. Nossa expectativa é, conforme preveem os indicadoreseconômicos, que esse quadro comece a mudar a partir de julho”,disse Mota, em entrevista à Agência Brasil. Eledestacou que as empresas do Polo Industrial de Manaus já sãoisentas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e que, porisso, a redução do PIS/Cofins (Programa de IntegraçãoSocial/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) terão mais influência nas indústrias locais. ParaMota, o segmento de motos é um grande desafio para o governo, porquesuas vendas estão diretamente ligadas ao crédito. "Existeuma demanda reprimida no mercado de motos”, disse ele, ressaltandoque, os interessados geralmente recorrem ao crédito para fazer acompra. No entanto, com as atuais dificuldades para aquisição docrédito, as vendas caem. “Resolver isso é desafio para ogoverno. Nosso desejo é que se encontrem alternativas para superaresse problema. Vamos esperar, pois alguma novidade também podesurgir na próxima reunião do Copom [Comitêde Política Monetária].Opresidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, ValdemirSantana, concorda com Mota. Desde o início do ano, quando foi adotada a redução doIPI, as indústrias do PoloIndustrial de Manaus tiveram respostas melhores do mercado diante dacrise econômica, disse ele. Ainda assim, o ritmo de venda de motos nãoacompanhou o de carros. "Osetor de duas rodas, infelizmente, ainda está com dificuldades decrédito. Enquanto os juros para quem compra carros são de 0,34%, para quem compra motos, são de 3% ao mês. A venda de carrosparece estar resolvida no país, mas não a de motos. Até o segurode motos é mais caro que o de carros”, ressaltou Santana.Eletambém apontou a necessidade de alternativas públicas queviabilizem novo impulso ao mercado consumidor das motos. "Amaioria das compras de motos é feita por pessoas que querem usaresse meio de transporte para trabalho autônomo.” Por isso, Santana considera necessária uma linha de crédito para os trabalhadoresautônomos, que são a maioria dos compradores de motos.No Amazonas, também foram concedidos incentivos pelo governo estadual,que, em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias eServiços (ICMS), ampliaram o crédito às empresas em 7%. "Antesdessa concessão, o crédito das empresas sobre o ICMS era de 68%.Agora o benefício passou para 75%”, informou Santana.Segundoo Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, as vendas de motos caírameste ano quase 45% em comparação com as de 2008. Diante dasituação, a produção de 2009 deve ser 20% inferior à do anoanterior. Desdeontem (29), e até o próximo dia 9, todas as fabricantes de motos,bem como as empresas que produzem componentes e amortecedores paraessas indústrias, estão de férias coletivas. "Erauma parada e faz parte do calendário de atividades dessas empresas”,concluiu Santana