Povos indígenas do continente americano debatem formas de entender o mundo

30/05/2009 - 14h31

Sofia Hammoe
Enviada especial da EBC
Puno (Peru) - Cosmovisão,identidades e espiritualidades são os temas de uma das mesasmais procuradas da 4ª Cúpula Continental dos Povos eNacionalidades Indígenas do Abya Yala, que se encerra amanhã(31), em Puno, no Peru. Participaram desse painel representantes dediferentes povos e comunidades das três Américas.Uma das palestrantes, aantropóloga Maristela Sousa, da Articulação deMulheres Indígenas de Mato Grosso, explica que cosmovisãoé toda a vida do povo. “Os povos indígenas nãoseparam o que é a vida social, o que é a vida material,o que é a vida cultural e social. Toda essa questão dasociedade e da vida da pessoa gira em torno dos princípiosmitológicos. Os mitos de origem dão a grande dinâmicapara a vida do povo. Religião, cultura e vida em sociedadeestão interligadas”, diz.O Inka peruano Atok,único sobrevivente de uma família assassinada na lutapela terra, afirma que “cada pessoa é um cosmo” e porisso, “mesmo não o enxergando, existe um mundo espiritualque nos cuida”.Atok, como a maioriados participantes, se queixa do extermínio indígena porparte da colonização européia e da IgrejaCatólica. “Nos esquartejaram porque não aceitamos umDeus egoísta”, descreve literalmente sobre os procedimentosdos espanhóis para impor o Cristianismo.Um outro descendenteKichwa, Intillan, esclarece que “a Pachamama não é aterra, a Pachamama é o todo, é o tempo e é oespaço”. E avisa: “em 1992 fizeram 500 anos da chegada deColombo a Abya Yala. Isso foi uma etapa, um período. A partirdaí um outro Pachakutik (período, revolução)começou. E essa hora é nossa”.