Falta de qualificação profissional ainda é entrave para quem procura emprego

29/04/2009 - 19h34

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de qualificaçãoprofissional ainda é um dos entraves para quem procura emprego. A conclusão consta do Anuário do Sistema Público deEmprego e Renda 2008, divulgado hoje (29) pelo DepartamentoIntersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo o diretortécnico do departamento, Clemente Ganz Luz, estima-se que háno Brasil 18 milhões de desempregados e, desses, 4,5 milhõesprocuraram o Sistema Nacional de Emprego (Sine) no ano passado para buscar umacolocação no mercado de trabalho. Dos 2 milhõesde vagas ofertadas, apenas 800 mil foram preenchidas em 2007. "Há de fato, ainda,o problema da qualificação, de defasagem do trabalhadore a oferta feita pela empresa. Predominam as ofertas nas áreasde serviços auxiliares, apoio, ajudantes. Muitas vezes, édemandado um alto nível de qualificação para umtrabalho que não exige tal qualificação”, reconheceu.De acordo com oanuário, dos inscritos, 65% têm entre 20 e 40 anos; menos dametade tem o segundo grau completo; 48% são desempregados; 33%são requerentes do seguro desemprego e 5% procuram o primeiro emprego.Dos que conseguiram um emprego por meio do Sine, 60% têm entre 20 e40 anos e 43% têm o segundo grau completo. Das vagas de trabalhoofertadas pelo Sine, em 32% exigiam o segundo grau completo e em 20%, o primeiro grau. Ganz disse ainda que, noBrasil, hoje, há 90 milhões de pessoas com algum tipo deocupação de trabalho e, desse total, 39 milhõestêm carteira assinada e cerca de 70% dos que têm carteiraassinada recebem até 3 salários mínimos. Outra questãotambém apontada por Ganz foi a rotatividade de empregos queele atribuiu à flexibilidade do mercado brasileiro. “Hátotal liberdade de demissão e contratação pelasempresas. Simultaneamente a isso, nos anos 1990 e, principalmente,nos primeiros anos da década de 2000, a rotatividade foi usadacomo forma de reduzir os salários. As empresas demitiam com umsalário e contratavam um trabalhador por outro saláriomais baixo”, explicou.Outro fator quejustifica essa rotatividade é o fato das empresas estaremsempre ajustando a demanda de produção à contrataçãoe à demissão de trabalhadores, principalmente daqueles que sãoajudantes, auxiliares e assistentes.Dos trabalhadores comcarteira assinada, 51% foram demitidos sem justa causa e poriniciativa do empregador e 31% por causa do término docontrato de trabalho.