Europeus deixam sessão de conferência da ONU em protesto pró-Israel

20/04/2009 - 18h48

Da Agência Brasil

Brasília - Os representantes dos países europeus que participam de conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o racismo, em Genebra, deixaram a reunião hoje (20) durante discurso do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, por ele ter chamado o governo de Israel de racista. De acordo com a Agência Lusa, a República Tcheca, que ocupa a presidência rotativa da União Européia (UE), retirou-se definitivamente do encontro iniciado hoje e que discutirá, até sexta-feira (24), mecanismos para garantir e ampliar as determinações da Conferência de Durban, realizada em 2001."Após o final da Segunda Guerra Mundial, eles [os aliados] recorreram à agressão militar para privar de terras uma nação inteira sob o pretexto do sofrimento judeu", afirmou o presidente iraniano. "Enviaram imigrantes da Europa, dos Estados Unidos e do mundo do Holocausto para estabelecer um governo racista na Palestina ocupada", completou.Ahmadinejad também acusou o Conselho de Segurança da ONU de ter "acolhido com silêncio os crimes daquele regime [israelense]”. Como exemplo, citou os bombardeios contra civis na Faixa de Gaza.Nove países estão boicotando a Conferência de Revisão de Durban em protesto pela participação de Ahmadinejad - único chefe de Estado presente - e por considerarem a reunião anti-semita: Estados Unidos, Israel, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Nova Zelândia. O presidente americano, Barack Obama, justificou o boicote norte-americano alegando linguagem anti-Israel no rascunho do documento final da conferência.O ministro daSecretaria Especial de Promoção de Políticas daIgualdade Racial (Seppir), Edson Santos, chefe da delegaçãobrasileira na Conferência de Revisão de Durban, criticao boicote dos Estados Unidos e afirma que o documento aprovado enegociado na semana passada “não traz nenhum tipo deconstrangimento ao povo americano e nenhuma mençãodesonrosa ou agressiva ao estado de Israel".“Nãoparticipar é um problema para os Estados Unidos.Principalmente agora, que eles têm um presidente negro, umaliderança que busca restabelecer ao país a condiçãode diálogo no restante do mundo”, afirmou o ministrobrasileiro.Em Israel, durante abertura da cerimônia anual do Dia da Lembrança pelos 6 milhões de judeus que foram mortos pelos nazistas alemães e seus colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial, hoje (20), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também chamou a conferência de Genebra de anti-israelense.Em comunicado divulgado em Londres, a Anistia Internacional critica o boicote, ressaltando que os governos precisam estar presentes para “defender o que é justo e rejeitar com energia tudo o que é questionável". Também faz um apelo para que os governos participantes continuem comprometidos com a luta contra o racismo. Para isso, segundo a Anistia Internacional, "devem resistir com força e responder a qualquer tentativa de politizar a conferência ou distrair do objetivo principal, que é fazer frente a qualquer tipo de racismo, discriminação racial, xenofobia ou intolerância em qualquer parte do mundo".