Crise financeira não afeta cooperativas no Brasil

04/04/2009 - 14h44

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ascooperativas brasileiras vão muito bem, distantes dasproblemas que afetam a economia desde que a crise financeirainternacional tornou-se mais aguda. A afirmação édo presidente da Organização das CooperativasBrasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. O setor “nãoaplica em derivativos [títulos podres], destacou. Mário Lopesdisse também que, como as cooperativas não visam lucroe o cliente é o próprio cooperado, com reduzida taxa derisco, podem oferecer taxas de juros bem menores do que a médiapraticada no mercado.Ele ressaltou que o sistema cooperativoainda é pequeno, com apenas 2% das operações decrédito do sistema financeiro nacional, e que as cooperativasde crédito “não sofreram nenhum impacto negativo coma crise”. Isso porque se trata de empreendimentos locais, comsobras de poupança aplicadas na região de atuação,entre os próprios associados, explicou. Não houve,portanto, reflexo de perda de depósito, aplicaçõesou diminuição de movimentação dascooperativas.Lopes lamenta, no entanto, o fato de o setor nãodispor de mais recursos para ampliar suas ações acimado crescimento médio alcançado nos últimos anos,em termos de faturamento: 11,61% em 2006, 6,15% em 2007 e 15,87% em2008. Ele considera “o momento atual adequado para as cooperativasampliarem seu leque de negócios”, mas ressalta a existênciade uma barreira, que “são os próprios limitesoperacionais do setor”.O presidente da OCB observou que osetor como um todo trabalha para ampliar os limites de investimento,o que depende da própria capitalização dascooperativas, que só podem atuar no limite proporcional a seucapital social. O cooperativismo obedece, portanto, a um ritmonatural de crescimento, com “resultados até surpreendentes”,segundo Lopes. Ele enumera a existência hoje de 7.682cooperativas brasileiras em 13 ramos de atividade, com 7,887 milhõesde associados e 4.182 postos de atendimento país afora.Alémda regulamentação do Sistema Nacional de CréditoCooperativo pelo Congresso, na semana passada, o presidente da OCBdestaca outra importante medida para o setor, aprovada dois diasdepois pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que permite aosdois bancos cooperativos participar dos financiamentos no âmbitodo pacote habitacional do governo, que prevê 1 milhão denovas moradias.“Foi uma medida extremamente positiva”,afirmou Márcio Lopes, ao lembrar que as cooperativas têmcondição de construir casas com custos mais reduzidos,porque os próprios usuários acompanham a gestãodos negócios. “Temos bons exemplos de cooperativismohabitacional, em diferentes regiões”, disse ele. De acordocom Lopes, um dos pólos mais ativos é ÁguasClaras, no Distrito Federal, com vários prédiosconstruídos por cooperativas.