Banco Mundial prevê para 2009 pior resultado da economia global desde a Segunda Guerra

31/03/2009 - 18h57

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aeconomia dos países em desenvolvimento deve crescer este ano2,1% – menos da metade dos 4,4% previstos pelo Banco Mundial (Bird)em novembro e bem abaixo dos 5,8% registrados em 2008. A previsãopara a América Latina e o Caribe é de retraçãode 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos por um país), em média. A revisãopara baixo foi divulgada hoje (31) pelo Bird. Aestimativa global é de declínio de 1,7% do PIB contra crescimento de 1,9% em 2008. Confirmado esse prognóstico,será a primeira contração da produçãomundial desde a Segunda Guerra Mundial. Na atualização das PerspectivasEconômicas Globais, o Bird constata a existência de umquadro recessivo no mundo em desenvolvimento, o que aumenta avulnerabilidade a choques repentinos e pode, na avaliaçãoda instituição, inclusive reverter os avançosdos últimos anos.O cenário é nebuloso em todos ossegmentos. Para o comércio de bens e serviços, aprojeção é de recuo de 6,1%, o pior resultadodos últimos 80 anos. O barril do petróleo devecontinuar valendo menos da metade do que valia em 2008 e os demaispreços, cair 30% em relação ao ano passado. Há,ainda, expectativa de “deterioração acentuada” dosdesequilíbrios fiscais nos países em desenvolvimento,resultado da redução das receitas, do aumento doscustos de crédito e de maiores investimentos nas redes desegurança social. O Banco Mundial estima que a situaçãoseja mais grave nos países em desenvolvimento da Europa e daÁsia Central – o PIB da região cairá 2% em2009, contra um crescimento de 4,2% registrado no ano passado. Ainstituição alerta, no entanto, que a AméricaLatina estará entre os mais afetados pelo déficit definanciamento, ao lado da Europa, da Ásia Central e da ÁfricaSubsaariana. Ao todo, a necessidade de financiamento do mundo emdesenvolvimento deve chegar a US$ 1,3 trilhão. Com relação a investimentos ecomércio global, as áreas mais afetadas serão oLeste da Ásia e a região do Pacífico. Aexpectativa de queda no crescimento da China e de recessão emeconomias menores, como a Tailândia, levou o Bird a prevercrescimento de 5,3% na economia da região em 2009. No Sul daÁsia, a expansão do PIB deve ser de 3,7%. O relatório alerta ainda para o impacto dacrise financeira internacional sobre as populações maispobres, que já vinham sofrendo com as crises do petróleoe dos alimentos. Segundo o Bird, diminuiu o ritmo de reduçãoda pobreza e, em função disso, cerca de 65 milhõesde pessoas continuarão abaixo da linha da pobreza este ano,vivendo com menos de US$ 2 por dia. Ainda há incertezas quanto àrecuperação da economia mundial em 2010. O ritmo deveser lento, com previsão de crescimento do PIB de 2,3%. Aatividade econômica continuará desaquecida e odesemprego continuará aumentando em praticamente o mundo todoaté “bem depois do início de 2011”, segundoestimativa do gerente de Tendências Globais do Grupo de Estudodas Perspectivas de Desenvolvimento do Bird, Hans Timmer. Hoje (31), ao comentar a revisão dosnúmeros de 2009 na agência de notícias ThomsonReuters Newsmaker, em Londres, o presidente do Bird, RobertZoellick, ressaltou que os líderes do G20 financeiro – quese reunirão quinta-feira (2), em Londres – não podem“esquivar-se”, de buscar soluções para restabelecera confiança na economia mundial. Ele disse esperar a aprovaçãode um novo Programa Global de Liquidez do Comércio, no valorde US$ 50 bilhões, que combinaria US$ 1 bilhão do BancoMundial com financiamento de governos e bancos regionais dedesenvolvimento. E defendeu a reforma e capacitação dasinstituições internacionais existentes. A necessidade de reforma para democratizaçãodo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) foimencionada pelos chefes de Estado e de governo das maiores economiasdesenvolvidas e em desenvolvimento na Cúpula de Washington, emnovembro, e novamente reiterada pelos ministros de economia epresidentes de Bancos Centrais do G20 financeiro em reuniãopreparatória à Cúpula de Londres, há duassemanas. Os países emergentes se recusam a aumentarseus aportes sem maior participação decisórianessas instituições. Entre as propostas em estudo pelosgrupos de trabalho do G20 financeiro está, inclusive, apossibilidade de criação de uma nova instituiçãomultilateral que ficaria responsável pela regulaçãoe fiscalização do sistema financeiro global.