Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Oaumento dos tributos sobre o cigarro pode afastar os adolescentes dofumo. A avaliação é da diretora do departamento de Psiquiatria e Psicologia do Hospital A.C. Camargo, Célia da Cosa.
Ela acredita que, como esse público dispõe de menos dinheiro, a medida anunciada ontem (30) pelo governo pode afetá-lo mais diretamente. “[O aumento na tributação]pode ser uma medida que afaste a garotada do cigarro”, afirmou.
Para a médica, a medida éinteressante para desestimular os novos fumantes. Estudo feito pelo Ministério da Saúde, em 15 capitais, nos anos de 2002 e 2003, apontou que cerca de 70% dosfumantes adquiriram o hábito entre 15 e 19 anos.
Já fumantes mais velhos, com o vício mais arraigado, têm maiorpropensão a desviar o dinheiro reservado para outras finalidades e usá-lo paraconsumir a mesma quantidade de cigarros a que estão habituados, na avaliaçãoda especialista. “Um dos pontos negativos [do aumento da tributação]é que o fumante mais antigo pode tirar a renda familiar deoutros produtos para o cigarro”, observou Célia.
Ela lembrou que que o impacto da medida depende também dopreço inicial do cigarro. Segundo a médica, o preço docigarro no Brasil ainda é muito baixo, se comparado a outrospaíses. Nos Estados Unidos, um maço pode custar oequivalente a R$ 11,50, na Inglaterra, o preço chega a R$ 19 e no Brasil, fica em tornode R$3.
Célia ressaltou que, no entanto, somente o aumento dos preços dificilmenteseria eficaz para desestimular o consumo, se aplicado de maneira isolada. Para ela, outras ações,como campanhas de prevenção e apoio médico aosque quiserem largar o vício, são fundamentais.
AOrganização Mundial de Saúde (OMS) estima que otabagismo cause, aproximadamente, 200 mil mortes por ano no Brasil.