Representantes de comunidades do Rio e de governos discutem obras do PAC

16/03/2009 - 16h40

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Informaçõesdesencontradas, falta de um cronograma claro das obras e de diálogocom a população foram os pontos mais discutidos no IFórum da Cidadania sobre o Plano de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) como política de integraçãosocial.O evento,realizado hoje (16), na sede da Federação dasIndústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), foiorganizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas (Ibase), em parceria com a Caixa EconômicaFederal. Representantesde entidades de favelas, empresariais, da sociedade civil e dosgovernos federal, estadual e municipal debateram como osinvestimentos de cerca de R$ 1 bilhão, previstos pelo PAC noRio, podem resultar em políticas públicas que promovama inclusão dos moradores das favelas ao restante da cidade.Lídercomunitário da Rocinha, Carlos Costa, acha fundamental que acomunidade se aproprie do processo de implementação doprograma.“O PACtem o desafio de ouvir e de criar uma rede de integração,uma agenda que de fato possibilite a transformaçãosocial. Do contrário, será apenas uma intervençãode cimento e areia, como tantas outras, geradora de cidadania deguetos”.“Quemsabe o que é melhor para a comunidade é aquele que vivedentro dela. Precisamos ser ouvidos,” disse Marcelo Gomes deAlencar, outro líder comunitário, do Complexo deManguinhos.Osecretário municipal de Habitação do Rio, JorgeBittar, admitiu que falta informação sobre as datas e aprogramação, mas reiterou que a atual gestão,que assumiu em janeiro, está reatando e aprofundando asrelações com associações dos moradores eas comunidades e se comprometeu em melhorar a transparênciasobre os planos e avanços das obras. Segundo odiretor-geral do Ibase, Cândido Grzybowski, éfundamental que haja um espaço como o do Fórum paraconstruir uma agenda pública que potencialize o PAC.“Precisamos enfrentar o imaginário que segrega a favela ereconstruir outro em que a favela é parte da cidade”.Opresidente do Movimento Popular de Favela, William de Oliveira,elogiou a iniciativa e acredita que dessas discussões podemsurgir idéias e contribuições para o governo e asociedade. “Ver onde há falhas e defeitos para consertar”.Umapesquisa qualitativa realizada pelo Ibase foi usada como ferramentade trabalho. Ela mostra que é grande o ceticismo dascomunidades quando a capacidade de transformaçãosocial do PAC, com a conseqüente redução dosíndices de violência. De acordocom coordenadora do Ibase, a socióloga Fernanda Carvalho,responsável pela pesquisa, os entrevistados reconhecem que ovolume de investimentos nunca foi tão grande e que as obrastrarão melhorias imediatas para quem for beneficiado. Noentanto, segundo ela, a pesquisa identificou que há consensode que obras de infra-estrutura não são suficientespara mudar a realidade da favela. “Nãobasta ter uma casa bonitinha, ter rua asfaltada. É precisomuito mais. É preciso investir muito em educaçãopública de qualidade, creches, cursos de capacitação,acesso ao mercado de trabalho e solucionar a questão daviolência”.Asocióloga informou que em maio será realizada umapesquisa quantitativa em toda a cidade para acompanhar as demandas eexpectativas da população sobre o PAC e que atéjunho estão previstos outros dois encontros do Fórum.O PAC noRio de Janeiro atende a 15 cidades e pretende beneficiar mais de 2milhões de famílias com investimentos de cerca de R$ 3bilhões.