Lula vai discutir mudanças nas cadernetas de poupança com a equipe econômica

16/03/2009 - 20h49

Eduardo Castro
Enviado especial da EBC
Nova York - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai analisar a possibilidade de fazer mudanças no cálculo do rendimento da caderneta de poupança depois de se reunir com os técnicos da área econômica. “Eu tenho quevoltar para o Brasil, fazer uma reunião com a equipe econômica, paraver como fica a caderneta”, declarou Lula, em entrevista ajornalistas brasileiros antes de deixar Nova York e retornar a Brasília.Apreocupação com o rendimento da poupança é das instituições financeiras. Depois docorte da taxa básica de juros na semana passada, os juros da caderneta ficarammais atrativos do que os dos títulos públicos. O efeito pode ser uma migraçãode dinheiro dos fundos de investimento (FIFs) para a poupança. Para o governo, isso pode significar maior dificuldade para vender títulos e administrar a dívida pública.Segundo opresidente, nada será decidido antes da reunião. Mas Lula não demostroupreocupação com qualquer alteração que possa vir a ocorrer. “Nos já mexemos napoupança dois anos atrás, quando descobrirmos que gente que tinha muitodinheiro queria investir na poupança. Mexemos para garantir a poupançaapenas para os pequenos poupadores.”Na entrevista, Lulatambém minimizou a previsão do banco de investimentos Morgan Stanley deque o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este anoserá negativo em 4,5%. Analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimam um crescimento de 0,59% neste ano. Lula manteve a previsão de crescimento em 2009, conforme havia dito poucas horas antes em discurso para empresários reunidos emum seminário.“Esses bancos não acertaram nem oque iria acontecer com eles mesmos, quanto mais com a situação do Brasil”,provocou Lula. “Certamente o Brasil não vai crescer do jeito que nósqueríamos, mas será um dos países que terá resultado positivo este ano". Opresidente não quis prever qual vai ser o resultado do PIB em 2009.“Não cravei um número antes, não tem por que cravar agora. Mas as coisas estão acontecendo e eu estou tão otimista agora quantoestava no ano passado.”Mais cedo, no seminário, os ministrosbrasileiros convidados fizeram previsões otimistas para os investidores eempresários que foram ao hotel The Plaza, em frente ao Central Park.Oministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a queda do PIB,de 3,6%, no último trimestre do ano passado é apenas parte do quadroeconômico de 2008. “A queda do PIB no último trimestre de 2008 foiforte, mas havia crescimento nos anteriores, enquanto outraseconomias já estavam desacelerando desde o início de 2008.”, disse.Mantega também mostrou-se esperançoso quanto ao número deempregos a serem gerados no ano. “O Brasil espera ter saldopositivo na geração de empregos em 2009. Claro que não criaremos ummilhão e meio de empregos com em outros anos, mas abriremos vagas”.A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, declarou que a previsãode investimentos no Brasil não diminuíram por causa da crise econômicainternacional. Segundo ela, os investimentos seguem “promissores, com indicativos demanutenção da taxa em percentual do PIB”. Ela vê uma recuperação mais forteda economia no segundo semestre.