Turistas e moradores disputam bondinhos de Santa Teresa

25/02/2009 - 9h33

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os tradicionais bondinhos de Santa Teresa, em funcionamento desde o século 19, não são utilizados apenas por moradores. Os turistas também não abrem mão do passeio. É que o trajeto permite vislumbrar não apenas antigos casarões e palacetes preservados que dão charme ao bairro, como também o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara. Para os que estão acostumados ao trajeto, no entanto, o turismo atrapalha, atrasando as viagens.“Os turistas enchem as filas na Carioca [estação central] e temos que esperar um tempão pelas composições. Para quem quer chegar logo, é ruim. Tem que esperar, às vezes, um ou dois bondes”, disse o advogado Teodomiro Almeida, que vai e volta do trabalho, no centro da cidade, de bondinho. Para ele, depois dos atrasos – que ocorrem pela própria falta do transporte -, os turistas que lotam as composições são o principal problema.O advogado não quer acabar com o turismo no bonde, pois defende como opção para o bairro. “São mais frescos, adequados às ladeiras e ao nosso espírito comunitário”. Ele conta que os condutores conhecem os passageiros e destaca que o preço da passagem é quase quatro vezes mais barato que o dos ônibus: R$ 0,60 para quem vai sentado. Para quem se arrisca em pé, pendurado em composições históricas, é de graça.A Associação de Moradores do bairro diz que os turistas não são um problema. Ao contrário, movimentam os roteiros de gastronomia e de cultura. “Santa Teresa sempre dividiu de maneira democrática os bondes com os vistantes”, afirma a vice-presidente, Juçara Braga, mas reconhece que a circulação dos moradores fica prejudicada “O problema é que antes tínhamos mais bondes circulando, hoje são três”. A saída para o governo estadual está na licitação do sistema de bondes, além do aumento do número de composições.“Com a modelagem de concessão, o governo pretende corrigir distorções, como o preço da passagem”, afirma o secretário de Transportes, Julio Lopes. No modelo, explica, as tarifas vão subir, mas haverá preços diferenciados para os turistas.“É óbvio que os bondes não serão voltados exclusivamente para os turistas. É óbvio que a modelagem contempla o bonde como sistema de transporte de Santa Teresa”, disse Lopes. “Mas os estudos preparam o bonde para ser também transporte de uso turístico, inclusive com preços diferenciados”. “É assim em vários lugares do mundo”, completou.