Marco Antonio Soalheiro
Enviada Especial
Ouro Preto - Eles também são de Ouro Preto como os sambistas e idealizadores dos blocoscarnavalescos mais tradicionais da cidade. Mas, pertencem a outrageração, influenciada por estilos como a axémusic, o reggae e o hip hop. Por garantirem terem comum a paixão pelo trabalho, os músicos das bandaslocais que fazem o som mais apreciado pela juventude consideraminadequadas as críticas de parte da sociedade de Ouro Preto àssuas apresentações nos palcos do centro histórico,que ocorreram em todos os dias do carnaval de 2009. Há quemconsidere que estes sons não combinam com a arte musicaltípica das ladeiras. “Tocamos um axécom sotaque mineiro, inclusive com composições própriase outras interpretações de músicas atéde sambistas locais. Seria uma falta de consideraçãoretirar o nosso espaço no centro”, argumentou AndréOliveira, 18 anos, que toca violão e cavaquinho na banda deaxé Abalou. Criada há quatro anos na cidade que épatrimônio histórico e cultural da humanidade, a bandase apresenta em todos os carnavais. No deste ano, tocaram no palco daPraça Tiradentes, um dos principais da festa.“A gente reconhece araiz de Ouro Preto e sabe que ela não pode se perder. Mastemos que conscientizar o povo de que o nosso carnaval éaberto a todo mundo e aos diversos estilos musicais, com um coquetelde diferentes ritmos. Ouro Preto tem artistas em cada esquina queprecisam de portas abertas para buscar cada vez mais oprofissionalismo”, acrescentou Denis, vocalista da Abalou. Segundo os integrantesda banda, o carnaval é que ajuda a maioria das bandas de OuroPreto a se manter. Os cachês da prefeitura variam de R$ 2 mil aR$ 4 mil por show. Em um palco natradicional rua das Flores, a banda Cizma, formada por amantes locaisdo reggae e do pop rock, comemorou a oportunidade departicipar do carnaval feito ali. “Tem um pessoal que nãorespeita muito o nosso estilo, mas para nós é uma honrapoder tocar aqui”, ressaltou o guitarrista AloísioPetrônio, 21 anos. A expectativa do grupoé de que a partir do carnaval outras chances surjam na cidadepara mostrar o seu som. “Falta espaço para a gente o anointeiro. Temos que ser lembrados no Carnaval e também emoutros festivais. Aqui em Ouro Preto não tem só samba emarchinha. Tem reggae, hip hop e muitas outras coisas”, disse outro integrante da Cizma, Guilherme Noé, 22 anos.Dos cômodos de umcasarão alto na rua São José, percebe-seclaramente a diversidade musical que marcou em 2009 o carnavalouro-pretano. De frente à varanda, no Largo da Alegria,marchinhas, sambas antigos, congado e maracatu dominam o palco. Dosfundos, vem o potente barulho das caixas do Espaço Folia,local na parte baixa da cidade que funcionou na festa como reduto doaxé , do funk e dos blocos estudantis formados pelosalunos da Universidade Federal de Ouro Preto e seus convidados detodo o país.