Missa em Aparecida celebra abertura da Campanha da Fraternidade

25/02/2009 - 18h15

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB) abriu hoje (25), em Aparecida, no interior paulista, aCampanha da Fraternidade de 2009, com o tema Fraternidade e SegurançaPública e o lema "A Paz é Fruto da Justiça". Missasolene, celebrada pelo arcebispo de Aparecida, dom Raymundo DamascenoAssis, e concelebrada pelo secretário-geral da CNBB, dom DimasLara Barbosa, marcou o início da campanha.O tema foi solicitado à CNBB pelasPastorais Carcerária e da Criança, com apoio das demaispastorais e movimentos da Igreja Católica e aprovado peloConselho Permanente da CNBB há dois anos. Segundo domRaymundo, o objetivo é o estimular na sociedade o debate dostemas segurança pública, causas da violência ecultura do medo. A CNBB pretende, com a iniciativa, convocar asociedade para promover uma cultura de paz. “O tema é muito importante porqueobservamos a presença da violência na sociedade. Aconvivência social harmônica, mais pacífica, estáse deteriorando”, disse dom Raymento. A Campanha da Fraternidadevisa a conscientizar cada cidadão sobre seu direito a umaconvivência segura e em paz, sem esquecer sua responsabilidadepela construção de uma sociedade mais humana, maisfraterna, mais justa, que tem como conseqüências a paz e asegurança, explicou.De acordo com dom Dimas, o texto-base da campanhamostra que o tema da segurança pública não serestringe à questão policial, englobando tambéma violência doméstica, o trabalho escravo e os crimes decolarinho branco. “Algumas formas de crime não sãoinstitucionalizadas, mas existem”, disse ele. O bispo apontou como uma das formas de crimeinstitucionalizado o sistema socioeducativo e especialmente otrabalho com menores infratores, em conflito com a lei, que éuma espécie de “patinho feio” de toda administraçãopública. “Ninguém quer cuidar dos menores infratores,eles passam de secretaria em secretaria no mesmo governo. Cada vezque muda de mãos muda de filosofia, de recursos, de pessoal.Não existe uma continuidade”, criticou.Dom Dimas disse que há deficiênciastambém na inteligência das investigaçõescriminais no Brasil, muito dependentes de testemunhas, que na maioriadas vezes têm medo de denunciar e testemunhar por causa davingança dos criminosos. “O serviço de proteçãoà testemunha vitimiza a própria testemunha, que tem quemudar de nome, endereço e profissão e perder o vínculocom a família para não ser violentada.”A coordenadora da 1ª ConferênciaNacional de Segurança Pública e assessora especial doMinistério da Justiça, Regina Miki, considerouimportante a CNBB ter escolhido o tema segurança públicapara a Campanha da Fraternidade por causa da capilaridade da IgrejaCatólica. Regina destacou que o tema estará em pautatambém em agosto, em Brasília, na ConferênciaNacional de Segurança Pública. “Até hoje toda política em tornoda segurança público partiu do governo. A cada quatroanos, muda-se a política, e nós não temos aindaparticipação democrática nesse tema, nãotemos um conselho deliberativo com fundo compatível para aexecução de políticas. É isso quequeremos deixar como um legado, a partir da conferência, àsociedade brasileira”.Segundo a assessoria de imprensa da CNBB, aCampanha da Fraternidade é uma atividade de evangelizaçãodesenvolvida desde os anos 60 no período da Quaresma. Semprecom um tema diferente, a iniciativa visa a despertar o espíritocomunitário e cristão no povo, educar para a vida emfraternidade e renovar a consciência da responsabilidade detodos pela ação da Igreja na evangelização.