Vitória de Chávez em referendo foi "moderada", avalia professor da Unicamp

16/02/2009 - 10h41

Paula de Castro
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - A aprovação da emenda constitucional que garante a possibilidade de reeleição ilimitada para presidente, prefeitos e governadores na Venezuela, em referendo realizado ontem (15), era esperada diante da mobilização social no país e do poder que o governo de Hugo Chávez detém. Mas a diferença de menos de dez pontos percentuais entre o sim e o não demonstra certa divisão do eleitorado venezuelano.A avaliação é do professor de ciências políticas Valeriano Mendes Ferreira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para quem a vitória de Chávez foi “moderada”. De acordo com o primeiro boletim divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o sim obteve 54,36% dos votos, enquanto o não registrou 45,63%. Segundo Ferreira, era esperada uma diferença maior. “ Isso demonstra uma certa divisão do eleitorado. Nas condições em que o governo promoveu esse referendo, foi uma vitória moderada”, disse o professor hoje (16) em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional. Com a aprovação da emenda constitucional, Chávez pode se candidatar ao terceiro mandato em 2012. Logo após o anúncio do resultado, o presidente venezuelano discursou para o povo e reafirmou seu compromisso com os programas sociais.A Venezuela, maior produtora de petróleo da América do Sul, atravessa uma situação econômica complicada pela queda dos preços do combustível, sua principal fonte de recursos. Além disso, o país teve a maior inflação do continente, mais de 30% em 2008, segundo dados divulgados pelo Banco Central da Venezuela. A queda do dólar pode colocar em perigo os programas sociais do governo, de acordo com o professor.“O grande drama é esse, porque a força do Chávez depende da distribuição de recursos, renda, benefícios e assistências. Se o dólar cair muito, ele [Chávez] vai ter muito menos recursos para fazer esse tipo de clientelismo que fazia antes. Então, são esperados vários indicadores sociais negativos.”A oposição a Hugo Chávez aceitou a derrota no referendo, mas afirmou que vai trabalhar para ter um candidato forte nas eleições de 2012.