Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A redução ainda maior do número de torcedores do clube visitante nos estádios de São Paulo durante os jogos do campeonato paulista é o que vai propor o promotor de Justiça Paulo Sérgio de Castillo, responsável pela investigação do tumulto que deixou 42 pessoas feridas após o jogo entre São Paulo e Corinthians ontem (15), no Estádio do Morumbi. A idéia defendida por Sérgio de Castillo é de que apenas 5% dos torcedores visitantes possam estarpresentes nos jogos dos seus clubes. Ontem, a diretoria do SãoPaulo destinou apenas 10% dos ingressos para a torcida corintiana. “Aredução do público visitante diminuiu e muito osproblemas", disse em entrevista à imprensa hoje (16), na sede do Ministério Público Estadual.Indagadose não seria melhor a proibir de vez apresença da torcida visitante nos estádios, o promotordisse ser contrário à idéia porque isso tirariao brilho do futebol. “Sou contra o jogo de uma torcida sóporque aí a gente ofusca completamente o espetáculo”,afirmou.O promotorafirmou ainda que o tumulto de ontem foi "uma fatalidade" e envolveu apenas torcedores do Corinthians e policiaismilitares. Segundo ele, a torcida do São Paulo já haviadeixado o Morumbi. “Atorcida antecipou sua saída porque começou a choverforte e, no momento em que eles estavam forçando a saída,teve a explosão de uma bomba de origem desconhecida”,afirmou. Sérgio de Castillo disse que as investigações jáforam iniciadas, e revelou que a polícia encontrou duasbombas caseiras no local do estádio destinado à torcidado Corinthians.Segundoa assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública(SSP), dois boletins de ocorrência foram registrados ontem apósa confusão. O primeiro diz que torcedores corintianos epoliciais militares entraram em confronto após a partida,quando os torcedores se preparavam para deixar o Estádio doMorumbi. Deacordo com esse boletim, várias bombas caseiras, bolas de gudee cadeiras arrancadas da arquibancada do estádio foramarremessadas pelos torcedores, que também cercou algunspoliciais contra o muro do estádio e os ameaçaram demorte. Para conter o tumulto, segundo o boletim de ocorrência,os policiais teriam utilizado munição não-letal,tais como balas de borracha. O resultado foram váriospoliciais e torcedores feridos, embora a secretaria não saibaestimar a quantidade de feridos.Nosite oficial do São Paulo, a assessoria de imprensa do clubedisponibilizou fotos da depredação do estádio doMorumbi e colocou a culpa nos torcedores do Corinthians: “parte datorcida visitante depredou o estádio”, diz a nota do clube.Procurada pela Agência Brasil, a assessoria do São Paulodisse que não tinha ainda contabilizado os estragos e nemfeito uma estimativa do número de feridos. Jáa assessoria do Corinthians, por meio de uma nota oficial publicadaem seu site, disse “lamentar os incidentes ocorridos ao términodo jogo” e estar confiante de que o Ministério Públicovai saber impor condições civilizadas de acesso e saídado Morumbi. Na nota, a assessoria do clube diz tambémmanifestar apoio aos torcedores vitimados, que foram “verdadeirosmártires da arrogância e incompetência deadversários que nos tratam como inimigos”. OCorinthians responsabiliza os torcedores do clube do Morumbi pelas bombas que teriam sido arremessadas “do estacionamento privativo dos sócios do São Paulo”e também à diretoria do clube pela decisão de limitar onúmero de torcedores do Corinthians ao estádio.