Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Foi entregue na manhã de hoje (16) ao Ministério da Saúde o primeirolote do medicamento genérico do Efavirenz, uma das 17 drogas quecompõem o coquetel antiaids. A produção nacional, que ficou a cargo doInstituto de Tecnologia de Fármacos (Farmanguinhos), ligado à FundaçãoOsvaldo Cruz (Fiocruz), foi possível graças ao licenciamentocompulsório decretado pelo ministro José Gomes Temporão em 2007.Aprimeira encomenda é composta por 2,1 milhões comprimidos de um totalde 15 milhões, que o laboratório disponibilizará até o fim do ano. Oobjetivo, segundo Temporão, é que a produção nacional contemple toda ademanda interna do medicamento (30 milhões de comprimidos por ano) em2010. Atualmente cerca de 185 mil pessoas no Brasil estão em tratamentocontra a aids. Delas, 85 mil tomam o medicamento. Segundo oministro, trata-se de um momento histórico que reflete a capacidadetécnica, científica e industrial do Brasil de enfrentar um problema desaúde pública. Ele disse, ainda, que o início da produção domedicamento é uma resposta a alguns setores da sociedade internacional,que não acreditavam que o país seria capaz de, após a quebra da patentedo medicamento, desenvolver a tecnologia necessária para fabricar ogenérico. Temporão também destacou a redução da dependência externa a partir da produção nacional.“É a garantia para os brasileirosem tratamento contra a aids de que não vai haver interrupção dotratamento. A iniciativa representa segurança para os pacientes eequilíbrio econômico financeiro do programa [Nacional de DST/Aids]." De acordo com Temporão, o déficit da balança comercial brasileira relativo à saúde em 2008, foi de US$ 7 bilhões. “Emuma conjuntura de crise e com o dólar subindo, a produção nacional domedicamento tem um significado estratégico que permite a economia dedivisas”, acrescentou.Até dois anos atrás, o governo brasileiropagava cerca de US$ 1,56 por comprimido para o laboratório americanoMerck, que detinha a patente do produto. Com o licenciamentocompulsório, o país começou a importar a droga pré-qualificada pelaOrganização Mundial da Saúde (OMS), do laboratório indiano Ranbaxy, aocusto de US$ 0,46, pouco mais do que R$ 1, atualmente. Já a produçãobrasileira sairá por R$ 1,35 a unidade. Segundo a assessoria deimprensa de Farmanguinhos, a diferença para cima entre os preçospraticados pelo laboratório indiano e o brasileiro ocorre em função depagamento de impostos.O diretor de Farmanguinhos, EduardoCosta, também comemorou a entrega do primeiro lote ao ministério edisse que muitas vezes os produtos importados chegavam ao Brasil emcondições inadequadas.“A importação teve sérios problemas.Parte do que foi importado veio sem condições de uso, sem inclusiveembalagem em português. Todo mundo fala do preço, mas ninguém vê ascondições que esses produtos chegam aqui”, disse.O Efavirenz éo oitavo medicamento do coquetel antiaids produzido por Farmanguinhos.Também são estudadas as possibilidades de se fabricar nacionalmenteoutras duas drogas, mas de acordo com Temporão ainda não há interesse,pelo menos por enquanto, de se decretar licenciamento compulsório deoutros medicamentos.