Lúcia Norcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Doze trabalhadores de uma fazenda de corte depinus foram encontrados em condições degradantes nomunicípio de Adrianópolis, a cerca de 100 quilômetrosde Curitiba.Segundo oGrupo Móvel de Fiscalização de Trabalho Escravo,formado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e MinistérioPúblico do Trabalho, 12 das 66 pessoas contratadas para a frente de trabalho residiam com a família – mulheres e crianças– em barracos de compensado de madeira, com banheiros precários,sem tratamento água e esgoto.“Desde segunda-feira [9] visitamosoito fazendas e apenas nessa, da empresa J.A.R Sobral, prestadora deserviços da Compet Agroflorestal S/A, do grupo CocelpaPapéis e Celulose, foram flagrados trabalhadores em situaçãoanáloga à de escravos” relatou o auditorfiscal Guilherme Moreira.Além da precariedade das instalações, foi constatado que os salárioseram pagos de forma irregular e, como atrasavam, os trabalhadores sópodiam fazer compras a crédito em um supermercado do município de Tunas,o que caracteriza indução, de acordo com Moreira.
Váriasirregularidades fiscais também foram encontradas. Ao todo, 24 autos de infraçãocontra a Compet Agroflorestal S/A. Segundo os fiscais aempresa não poderia ter terceirizado a atividade fim queconsta no seu estatuto social – trabalho de plantio, corte eretirada de pinus.Como conseqüência da fiscalização, os trabalhadores receberam ontem (12) seus pagamentos, totalizando R$57 mil para o grupo. No total estavam incluídos R$ 3mil para cada trabalhador, referentes à indenizaçãopor danos morais. Além disso, elesvão receber três parcelas de um salário mínimo,do seguro desemprego específico para este tipo de situação.“Hoje (13), eles estãoretornando para suas casas”, disse o auditor. O local doacampamento e a frente de trabalho, onde também haviairregularidades, permanecerão interditados até que aempresa regularize a situação. “Na frente de trabalhonão havia refeitório, o mato era usado como banheiro,não havia sequer papel higiênico”, informou Moreira.
O GrupoCompet Agro Florestal S/A, enviou nota à Agência Brasilafirmando que a responsabilidade pela atividade de extraçãona região era da empresa J. A. R. Sobral.
“ A J. A.R. mantinha estes funcionários em uma área externa aoslimites da Fazenda Ipanema, fazendo-o por responsabilidade própria,omitindo tal fato à Compet. As determinaçõesreferentes ao ocorrido foram acatadas na íntegra, e abrangeu arescisão de contratos dos funcionários, que foramdevidamente indenizados pela J. A. R., além da quitaçãoda multa estabelecida”, diz a nota explicando que regularizaçõesocorreram sob o acompanhamento da Compet.
O grupoinforma ainda que devido ao acontecido está rescindindo seucontrato com a J. A. R., havendo ainda “a possibilidade de uma açãojudicial diante da gravidade do fato”.O trabalho defiscalização nas fazendas da região vaicontinuar até o próximo domingo (15).