Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A expectativa dos empresários do setor de construção civil não era das melhores quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em 2003. Desde então muita coisa mudou. “Este governo nos surpreendeu desde o primeiro momento, porque está sempre aberto ao diálogo, acatando ou não as nossas sugestões”, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Paulo Safady Simão, à Agência Brasil.Segundo ele, o governo tem acatado a maioria das sugestões apresentadas pela Cbic. “A conversa dele [presidente Luiz Inácio Lula da Silva] com todas as entidades da sociedade civil organizada é surpreendente e muito positiva. Começou com uma coisa que muita gente critica, que é o Conselhão [o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social]. Eu considero esse conselho como uma das atitudes mais criativas e inteligentes dele”, declarou.O empresário avaliou essas consultas como “uma maneira inteligente de o presidente pesquisar, olhar, conversar e trocar idéias com a sociedade”, que, segundo Safady, pode apresentar propostas e sugestões para a adoção de medidas pelo governo. “Claro que isso não significa dizer que eles adotem tudo o que sugerimos. Já tive muitas brigas nessas reuniões. A habitação, por exemplo, é uma briga que já dura seis anos. Mas a gente é ouvido e tudo que apresentamos é levado em consideração”, disse. “O resultado dessas conversas certamente terá influência nas medidas que estão para ser anunciadas, mas ainda não há como prever exatamente como será o resultado final”, acrescentou. “Em nossa primeira conversa, eles manifestaram interesse em construir 1 milhão de casas para famílias com renda entre dois e cinco salários mínimos. Depois, incluíram de zero a dois. Já nesta semana anunciaram que será entre dois e dez salários mínimos, o que, na minha cabeça, faz mais sentido, em função da meta que foi colocada e pelas medidas que a gente está ouvindo”, disse o presidente da Cbic.“Só agora se falou mais claramente sobre a questão dos subsídios para o crédito, que deve vir com juros maiores para quem pode mais e menores para quem pode menos, de forma que o financiamento de um ajuda o outro”. A desoneração tributária é outro assunto discutido entre a Cbic e o governo. “Tudo que a gente estava conversando em termos de desoneração tributária, seguro, taxa da Caixa e cartório está sendo mexido. Só não sei dizer em que níveis ou porcentagens essas desonerações serão apresentadas. Tínhamos pedido RET [Registro Especial de Tributação] zero. Ouvi falar que será entre 1% e 3%. Nossa única certeza é de que haverá redução”. Safady disse entender que essas decisões não podem andar em ritmo muito acelerado porque é necessário que os impactos para o Estado sejam calculados até que se identifique qual é o número que se encaixa melhor. “Hoje mesmo [ontem], quando falei com o ministro da Fazenda, eu estava com a expectativa de que as medidas fossem anunciadas ainda nesta semana. Mas ao que parece, elas não saem antes do meio da semana que vem”.