Sabrina Craide*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de crédito dos bancos privados poderá inviabilizar os projetos de concessão de hidrelétricas, rodovias e portos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A avaliação é do presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Segundo ele, apesar dos recursos assegurados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a área de infra-estrutura, é preciso encontrar mecanismos paralelos que garantem o crédito necessário para as obras previstas no PAC. “Os bancos privados brasileiros estão fora desse esforço neste momento, e precisamos encontrar mecanismos para substituir esse papel que eles vinham exercendo por outras estruturas para poder viabilizar todos esses empreendimentos”, disse. Para Godoy, a burocracia é o principal entrave para a agilidade das obras do PAC, especialmente nos projetos que dependem de recursos públicos. “Precisamos ter um arcabouço de fiscalização das ações do estado, para que elas sejam modernizadas, para fazer com que as iniciativas do poder público possam chegar à população e às atividades econômicas com maior rapidez”. No entanto, o presidente da Abdib reconhece que o PAC é uma ferramenta indispensável para que as iniciativas na área de infra-estrutura possam fluir com maior rapidez. Ele destaca que houve uma evolução nos investimentos no setor nos últimos anos, e parte disso pode ser atribuída ao PAC. Godoy também avalia que o incremento de R$ 142 ,1 bilhões ao PAC anunciado ontem (4) é resultado do aumento dos valores de alguns projetos ou de agrupamento de projetos já existentes que não estavam listados no Programa. “Essa dinâmica é natural, mas as vezes as pessoas pensam que é uma varinha mágica que coloca R$ 150 bilhões do dia para a noite ali, mas não é isso, é simplesmente pegar projetos que têm longa maturação e que serão administrados daqui pra frente”, explica. O vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP), Manuel Henriquez Garcia, não acredita que o incremento no orçamento do PAC possa gerar mais empregos. Ele argumenta que os valores divulgados pelo governo serão aplicados a longo prazo e envolvem parcerias com o setor privado. Além disso, critica que 60% do que estava previsto no orçamento para o PAC foi efetivamente pago. “Talvez o governo tenha mais sucesso nesses próximos anos, o que seria muito importante para a economia brasileira. A grande dúvida é se esses projetos que são excepcionais do ponto de vista das idéias saiam do papel e se traduzam em obras efetivamente”, diz Garcia.