Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério Público estadual e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional do Rio de Janeiro, informaram hoje (5) que vão acompanhar as investigações sobre a morte de dez pessoas ontem, durante operação policial na favela de Senador Camará, na zona oeste do Rio de Janeiro.Segundo o subprocurador-geral de Justiça de Direitos Humanos, Leonardo Chaves, o objetivo das investigações é apurar se os policiais mataram as dez pessoas em legítima defesa ou se alguma das vítimas foi executada pela polícia.Segundo ele, apenas um dos dez mortos tinha ficha criminal. Chaves disse que isso "não prova que os mortos são inocentes, mas é um indício que mostra a necessidade de apurações rigorosas".A princípio, a OAB e o Ministério Público vão apenas acompanhar as investigações e perícias feitas pela própria Polícia Civil, que participou da operação nas favelas. Mas, caso haja necessidade, o MP poderá abrir seu próprio inquérito e realizar suas próprias perícias criminais.Leonardo Chaves criticou a operação realizada nas favelas da Coréia, Rebu e Vila Aliança, que tinha por objetivo prender lideranças da quadrilha que domina o tráfico de drogas na região. A polícia acabou não conseguindo prender essas pessoas. Além das mortes, os tiroteios provocaram o fechamento de duas escolas e duas creches, deixando 6.600 crianças sem aulas no primeiro dia do ano letivo da rede municipal de ensino.“É necessário que a Secretaria de Segurança explique a razão pela qual os homens, que deveriam estar presos, continuam soltos. E ao mesmo tempo, porque dez pessoas tenham morrido. Também é necessária uma explicação contundente da Secretaria de Segurança Pública no sentido de porque 6.500 crianças ficaram sem aulas”, disse Chaves.O presidente da OAB no Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que a política estadual de segurança "precisa ser menos belicista, ou seja, precisa evitar o confronto e, conseqüentemente, as vítimas inocentes".“O que nós, Ministério Público e OAB, estamos fazendo aqui não é defender a inércia policial, como se quer nos imputar. Estamos defendendo é que há uma outra forma de combate ao crime, baseada na inteligência, em ações integradas de investimentos sociais, principalmente, nessas áreas carentes”, afirmou Damous.