Centro de diagnóstico em tuberculose para presidiários começa a funcionar em Manaus

05/02/2009 - 19h15

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O primeiro Centro de Diagnóstico em Tuberculose para presidiários do país começou a funcionar hoje (5), em Manaus (AM). A unidade de saúde fica na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, em área central da capital amazonense. O centro faz parte de um projeto-piloto apoiado pelos Ministérios da Justiça e da Saúde. A previsão é que, em 2009, o projeto seja replicado nas demais regiões metropolitanas onde a incidência da doença ainda é alta.De acordo com o coordenador da área de saúde do sistema prisional do Amazonas e diretor do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Manaus, Willians Damasceno, o projeto-piloto será a porta de entrada obrigatória para as 10 unidades prisionais do estado que atualmente conta com 4,2 mil presos.Aproximadamente R$ 150 mil foram investidos pelo projeto Fundo Global Tuberculose Brasil para compra de equipamentos e infra-estrutura. O pagamento dos funcionários que irão atuar no centro será de responsabilidade do governo do estado, que irá disponibilizar técnicos da Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam)."O Centro de Diagnóstico vai trabalhar inicialmente com quem ingressar no sistema e estará disponível para todo Amazonas. O tratamento da tuberculose é de seis meses, mas tem cura. A expectativa agora é fazer com que consigamos detectar os casos de tuberculose nos presídios e possamos realizar o tratamento desses pacientes gratuitamente", explicou Damasceno.O diretor do hospital informou que a tuberculose será a primeira doença combatida pelo centro por causa da ocorrência freqüente em ambientes de prisão. Para os próximos meses, os planos incluem a expansão das atividades do laboratório para o diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e malária.Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador nacional do Programa de Tuberculose do Ministério da Saúde e membro da Executiva Nacional do Fundo Global, Draurio Barreira, afirmou que o Amazonas foi escolhido como sede do projeto-piloto  porque apresenta a maior incidência da doença no país - 73,5 casos por 100 mil habitantes. "Essa iniciativa em Manaus também se deve pela característica do sistema prisional local que tem uma porta de entrada única para os condenados. Enquanto em outras cidades existe unidade de saúde para cada unidade prisional, na capital do Amazonas os condenados passam por uma triagem independente da unidade para onde serão encaminhados. O projeto em Manaus deve servir de modelo para todos os outros grandes centros urbanos do país", acrescentou.A tuberculose é uma doença que tem cura, mas precisa ser diagnosticada o quanto antes. O abandono do tratamento é a principal causa de óbito. Os sintomas da tuberculose são tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, suor, cansaço, dor no peito, falta de apetite e emagrecimento. "Praticamente 100% dos pacientes de tuberculose que fazem o tratamento sem interrupções são curados. Vale lembrar que o tratamento é gratuito e todos os medicamentos necessários também são distribuídos sem custo para o paciente", disse Barreira.O Centro de Diagnóstico em Tuberculose da Cadeia Pública vai funcionar de segunda a sexta-feira, em horário comercial. A cadeia pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa possui atualmente 638 presos e a Penitenciária Feminina, que fica ao lado da cadeia, 24 internas sentenciadas, mais 102 provisórias. Em toda Manaus, são aproximadamente 3,1 mil pessoas cumprindo pena em regime fechado.