Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A 1a Vara Empresarial do Rio de Janeiro vai decidir se o laboratório GlaxoSmithKline deve indenizar as vítimas afetadas pelo medicamento Celobar. O produto utilizado como contraste para exames radiológicos foi responsável pela morte de 23 pessoas e deixou outras 70 com seqüelas em 2003. Na época, o Celobar era fabricado pelo laboratório Enila, do Rio de Janeiro, e teria sido adulterado propositalmente a fim de baratear os custos, tornando-se tóxico.Depois do escândalo, a empresa faliu e deixou 450 funcionários desempregados, além de dificultar as indenizações às vítimas. Segundo a advogada Nelly Potter, que representa os credores, a empresa na verdade era comandada pelo laboratório Glaxo, que deve arcar com os custos.“Existe uma demonstração clara de que o Enila era um braço do Glaxo, que fabricava seus produtos dentro do Enila, cuja marca inclusive pertence ao Glaxo”, sustentou a advogada, que participou de audiência realizada hoje (4) pelo juiz Luiz Roberto Ayub.O juiz determinou 15 dias para as partes apresentarem mais informações sobre o caso e abriu prazo para que o Ministério Público Estadual se manifeste. Depois desse período, Ayub decidirá se é necessário ouvir testemunhas para verificar se há nexo entre as duas empresas.O laboratório Glaxo foi procurado e negou, em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, qualquer vínculo societário com o Enila. O laboratório sustentou que não pertencia a um mesmo grupo e informou que nunca funcionou no mesmo endereço.“A GSK não tem portanto qualquer responsabilidade por problemas indenizatórios do laboratório Enila”, afirma nota.Em 26 de janeiro deste ano, a Justiça condenou a 20 anos de prisão o diretor-presidente do Enila, Márcio D´Icarahy Câmara Lima, e a 22 anos, o químico Antônio Carlos da Fonseca Silva.