Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O anúnciode mais investimentos e de antecipação das obras doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC) foi bemrecebido entre empresários e especialistas na área deinfra-estrutura. Ogoverno federal promete gastar mais R$ 142,1 bilhões no PACaté o próximo ano. Hoje (4), durante o balanço dosdois anos do PAC, o governo informou que R$ 20,2 bilhões serãodestinados ao setor energético.Além de darmais dinheiro, o governo quer antecipar o cronograma de obras. Esse éo caso da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Oleilão de concessão da usina deve ser realizado atésetembro, um mês antes do previsto. Belo Monte terácapacidade de gerar sozinha 11 mil megawatts (metade do volumeleiloado nos últimos dois anos com o PAC). Para oconsultor de meio ambiente Cláudio Langoni,, o anúnciode mais investimentos do PAC é positivo, pois haverárecursos para atendimento das condicionantes dos licenciamentosambientais. Langoni ressaltou, no entanto, que o crescimento daoferta de energia para os próximos anos (afora Belo Monte)está baseado na energia de fontes térmicas a carvão,o que aumenta a emissão dos gases que favorecem o aquecimentoglobal e pressiona o desmatamento.A queixa dos grandesconsumidores é que a energia de fonte térmica tem altocusto e encarece a manufatura e as atividades em indústriaspetroquímicas, de química de base, de cimento, decelulose e siderúrgicas. “A energia muito cara podeinviabilizar a produção”, alertou o presidente daAssociação Brasileira de Grandes ConsumidoresIndustriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), RicardoLima.Com energia a custo elevado, disse Lima, “o produtonacional deixa de ser competitivo com o produto importado”. RicardoLima ainda espera que o governo desonere tributos. Segundo ele, aredução de encargos setoriais pode tornar o custo daenergia 10% mais baixo.Já o consultor da áreade energia João Carlos Mello explicou que opta-se por térmicasa carvão por causa da falta de reservatórioslicenciáveis para produção de energiahidrelétrica e também porque a construçãode uma usina térmica é mais rápida do que a deuma hidrelétrica.Para ele, essa opçãoera válida quando havia uma expectativa de crescimentoeconômico mais rápido. Agora, diante do cenáriode retenção da economia, é possível“planejar de forma cautelosa”, inclusive considerando apossibilidade de uso da energia de usinas nucleares.Oplanejamento a longo prazo do governo, além do horizonte doPAC, é que a dependência do carvão diminua.Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia, em consultapública no site do Ministério de Minas eEnergia, a participação de usinas térmicas namatriz energética vai cair de 10,2% (em 2008) para 8,6% (em2017).