Presidente da CNI afirma que Banco Central está atrasado e cobra medidas contra a crise

03/02/2009 - 18h58

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ArmandoMonteiro Neto, fez hoje (3) fortes críticas quanto à reação do BancoCentral à crise financeira internacional, que ele classificou de"atrasada". "O BC vem dançando em um ritmo em que a música está sempre nafrente", afirmou Monteiro Neto. Segundo ele, a política monetáriabrasileira não está dando conta dos efeitos da crise sobre o setorprodutivo e isso pode trazer "conseqüências graves para a economiabrasileira".Para Armando MonteiroNeto, é possível que o Banco Central reduza a taxa de juros para "umdígito em um prazo curto". "Há espaço para que isso seja feito de formaabsolutamente responsável, sem comprometer a estabilidade monetária ede controle da inflação. Há espaço para ainda nesse semestre nóschegarmos aí a uma taxa de um dígito", disse.Entre as medidasapontadas pelo presidente da CNI para ajudar a superar a crise, tambémestão apressar o pacote para a construção civil, que já foi anunciadopelo governo, e criar uma agenda emergencial para o setor exportador."Precisamos de uma agenda que combine desoneração das exportações, jáque ele [o setor exportador] ainda é onerado com créditos tributáriosque não podem ser realizados. O setor ainda padece de uma forte burocracia,complexidade nos procedimentos e até dificuldade de financiamento. Épreciso também priorizar acordos bilaterais que, de alguma maneira,facilitem o acesso de produtos brasileiros a mercados importantes",cobrou Monteiro Neto.O presidente da CNI tambémdemonstrou preocupação com o "custo social" da crise. "Nesse momento aquestão política é uma questão menor. O que nós precisamos é cuidarpara que esse quadro de desemprego na indústria não se agrave e com eleos indesejáveis efeitos que isso proporciona à vida das pessoas e dasempresas. Isso pode sobretudo acarretar uma queda mais acentuada daatividade econômica, ou seja, aquele ciclo: cai a renda, cai o consumoe cai a produção", afirmou.Sobre os índices depopularidade do presidente Lula, divulgados hoje na pesquisaCNT/Sensus, Monteiro Neto avaliou que eles são resultado de doisfatores. Segundo ele, as pessoas ainda não sentiram efetivamente osefeitos da crise. Associada a isso, na opinião do presidente da CNI,está a boa comunicação do presidente Lula que "fala de maneira muitopróxima à população".