Perfil do aluno contribui para vagas ociosas nas faculdades privadas, diz sindicato

03/02/2009 - 21h11

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os dados do Censo daEducação Superior divulgados pelo Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)indicam que quase 50% das vagas criadas em 2007 não forampreenchidas. Desse total, quase 98% estão em estabelecimentosprivados. Para Rodrigo Capelato, diretor do Sindicato das EntidadesMantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de SãoPaulo (Semesp), há um “descasamento” entre a oferta devagas e a demanda pelo ensino. “O ensino superiorcresceu muito nos últimos dez anos, principalmente por conta doensino privado. Nessa época havia uma demanda reprimida muitogrande, principalmente das classes A e B. A partir do momento que osetor começa a se expandir, essa classes foram sendoatendidas, só que o nível de expansão continuouo mesmo”, explica. Outro fator quecontribui para o não-preenchimento das vagas, na opiniãode Capelato, é o perfil do aluno que freqüenta cursosprivados. “A maior parte das vagas do ensino privado ocupadas sãoà noite, porque o perfil do aluno é de pessoas quetrabalham. Se você olhar só os números donoturno, quase não há ociosidade e de dia vocêtem uma ociosidade enorme”, analisa. Para o presidente doInep, Reynaldo Fernandes, os dados das vagas ociosas precisam seranalisados com cuidados porque geralmente são subestimados. “Ainstituição solicita um certo número de vagas nomomento da autorização, mas não necessariamenteessas vagas significam que há salas e professores ociosos.Pode ser que ela [instituição] pediu esse númerode vagas para uma expansão futura”, aponta.Capelato concorda com aanálise, mas admite que o problema da ociosidade éuma realidade. “Por outro lado, o percentual de jovens de 18 a 24anos que estão no ensino superior é de 12%. Ou seja,você tem a ociosidade de um lado e de outro uma demandagigantesca porque não há vagas suficientes nas públicas. E uma parcela da população menos favorecida que nãopode pagar as mensalidade”, analisa.Na opinião deCapelato, é preciso ampliar as políticas de acesso aoensino superior por meio de instituições privadas, comoo Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). “Ampliar o número de vagas nas públicasé muito lento e muito caro. É mais racional preencheressas vagas ociosas da rede privada do que abrir novas vagas nasfederais”, defende.