Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Enquanto váriossetores produtivos da economia brasileira sofrem com os efeitos dacrise internacional e milhares de demissões ocorrem no país,as atividades voltadas para a indústria do carnaval fluminensenão foram afetadas. Os números que confirmam o bomdesempenho dessa indústria vêm dos governos estadual emunicipal, de sindicatos e de alguns setores do ramo, de escolas desamba e de institutos de pesquisa.O secretárioestadual de Trabalho e Renda, Ronald Ázaro, informou que ocarnaval ajudou o estado do Rio a enfrentar a onda de demissõesque a crise mundial desencadeou nos últimos meses. “Alémde aquecer a economia fluminense, a indústria da folia geracerca de 400 mil empregos”, disse ele. Somente a secretaria abriumais de 800 vagas de empregos temporários para a festa. Asfunções vão desde eletricista para os barracõesa atendente de lanchonete, garçom, camareira e segurança.Aprefeitura do Rio manteve o financiamento do carnaval das escolas dogrupo de acesso, com contratação de jurados, auditoriae organização logística, entre outrasatribuições. Já o governo estadual aumentou de cerca de R$ 4 milhões, em 2008, para R$ 6 milhões neste ano averba repassada para as escolas de samba, informou a Secretaria de Turismo(TurisRio). Segundo a assessoria de imprensa da LigaIndependente das Escolas de Samba (Liesa), os recursos obtidos neste ano são similares aos do ano passado, com açõesde merchandising e marketing. O valor, no entanto, nãofoi divulgado. A assessoria de imprensa da Companhia deBebidas das Américas (Ambev) disse que não houve cortede investimentos nas marcas de cerveja que instalamcamarotes na Marquês de Sapucaí, onde desfilam asescolas de samba do Rio. Uma das marcas reduziu o número deconvidados, alegando que faria reformas no camarote. Em compensação,os convidados terão serviço de táxi gratuito.Outra marca de cerveja aumentou seus investimentos para a festa em25% e está patrocinando 33 blocos de rua e ensaios de seis dasprincipais escolas de samba do estado.Neste ano, das 12 escolas de samba do grupo especial, apenas duasobtiveram patrocínio. A assessora de comunicaçãoda Mangueira, Márcia Rosário, afirmou, porém,que essa realidade não é reflexo da crise. “AMangueira, por exemplo, já ficou três anos sempatrocínio”. Ela não acredita que o preço dosmateriais utilizados tenha aumentado além do normal. “No anopassado, o preço da pena estava muito alto e faltaram penas emmuitos carros e fantasias por conta disso.” De acordo com oassessor da Escola Grande Rio, Avelino Ribeiro, como as escolasiniciam seus trabalhos para o desfile do ano seguinte em princípiosde maio, grande parte dos acessórios e materiais necessáriospara a confecção de fantasias e adereços jáhavia sido comprada quando a crise chegou ao clímax, emoutubro de 2008. Justamente por isso, as previsões sãode “vacas magras” para o carnaval do ano que vem, já queos materiais que serão utilizados em 2010 serãocomprados no período de crise. Para a subsecretaria estadualde Desenvolvimento Econômico, Indústria, Energia eServiços, Dulce Ângela Procópio, a criatividade éa melhor ferramenta para os momentos de crise. ”Já vemosisso hoje: a criatividade tem feito com que produtos sejamreutilizados, contribuindo para uma carnaval cada vez maisauto-sustentável.”