Povos sem Estado pedem criação de agenda democrática internacional

01/02/2009 - 8h38

Amanda Mota
Enviado Especial
Belem (PA) - Palestinos, bascos e outros representantes de povos e nações sem Estado defenderam, no Fórum Social Mundial, (FSM) em Belém (PA), acriação de uma agenda democrática social com objetivo de acabar com os conflitosarmados envolvendo os territórios onde vivem. Eles estiveram reunidos ao longode toda programação do FSM para debater alternativas capazes de reverter oatual cenário de guerras e confrontos, como os protagonistas Israel e o grupopalestino Hamas na Faixa de Gaza.Yousef Habash, que faz parte do Comitê pela Saúde naPalestina, disse que a criação da agenda poderá garantir a paz aos povos sem Estado.Habash criticou o apoio dado por governos internacionais a Israel, porque, nasua avaliação, isso contribui para a luta armada na região palestina."Israel tem muitos líderes criminosos que devem serlevados à Justiça. Em 2005, Israel bombardeou Gaza com apoio de outros países.Não é Israel contra Gaza, mas contra parte da humanidade. Os israelenses estãomatando não só nossos soldados, mas crianças e mulheres de Gaza", disseHabash.As discussões realizadas no FSM pelos representantes depovos sem Estado tiveram como foco central a defesa do direito a autodeterminaçãodos povos.Na opinião do presidente do Centro Tamil pelos DireitosHumanos, Kiruba, a luta dos povos não-reconhecidos (nações sem Estado) é fundamentalmentepor se tratar de uma questão política e cultural. "O direito democrático dessas pessoas,com capacidade dedecidir o que querem, não está sendo respeitado. Um  modelo político justo tem que permitir o direitode escolher, seja por meio de referendo, constituições ou mesmo de lutapopulares.  Esses povos só terão suaprópria identidade se tiverem suas tradições e costumes preservados”, comentou.Kiruba disse que essas populações devem ter apoiointernacional. “Os processos de emancipação desses povos precisam dasolidariedade internacional, sem injustiças e sem opressões", declarou.“A opressão de direitos coletivos e o não-reconhecimento depovos e nações sem Estado contribuem para desencadear grandes lutas”, enfatizouMohammed Fidati, membro da Frente Polisário (Saara Ocidental). “Já os os processosde luta vitoriosos vão contribuir para a futura cultura de paz no mundo.”Para Fidati, a agenda democrática deve conter uma estratégiade emancipação dos povos sem estado. Ele também criticou o trabalho da ONU. "Precisamosde um verdadeiro instrumento de justiça e legalidade para sermosverdadeiramente nações e povos unidos no planeta."