Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A AssociaçãoBrasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), uma organizaçãonão-governamental (ONG) do Rio de Janeiro, informou, por meiode sua assessoria de imprensa, que vai pedir esclarecimentos àFundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o preço doEfavirenz. A versão genérica do medicamento, um dos 17que compõem o coquetel anti-aids, começou a serproduzido esta semana no Brasil, e será vendido ao Ministérioda Saúde por R$ 1,35 a unidade. O preço é poucomais elevado do que o governo brasileiro pagava até entãopara importá-lo do laboratório indiano Ranbaxy, aocusto de US$ 0,46, cerca de R$ 1.Até dois anosatrás, o governo brasileiro pagava cerca de US$ 1,56 porcomprimido para o laboratório americano Merck, que detinha apatente do produto. Com o licenciamento compulsório, decretadopelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em2007, o país começou a importar a droga da Índica.Segundo o diretor doInstituto de Tecnologia de Fármacos (Farmanguinhos), ligado àFundação Oswaldo Cruz, Eduardo Costa, a produçãonacional do Efavirenz fortalece não só o sistema desaúde do país, que fica resguardado de variaçõesno mercado internacional, mas também a infra-estrutura depesquisa e a área industrial.“Pensar apenas nopreço é um raciocínio muito primitivo do pontode vista econômico, porque se comprarmos de outro país,embora pagando pouco menos, esse produto importado entra no paíssem gerar imposto, com autorização de fora, sem passarpelo crivo da Anvisa, e sem criar emprego nenhum”, destacou.Já o diretor doGrupo pela Vidda no Rio de Janeiro, outra ONG que atua na defesa dosdireitos de pessoas com aids, René de Almeida, acredita que oinício da produção nacional pode facilitar oacesso ao medicamento, que é distribuído gratuitamentepelo Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacionalde DST/Aids.Almeida cobrou, noentanto, que os recursos economizados pelo país desde a quebraa patente do medicamento, no ano passado, sejam revertidos paraoutras áreas da saúde. “É um avançomuito grande para quem convive com a aids e tem pressa para receberos medicamentos. Mas o governo deve investir mais em pesquisa e nodesenvolvimento de outros medicamentos.” A primeira entrega aoMinistério da Saúde, com 2,1 milhões decomprimidos, está prevista para a segunda quinzena defevereiro. Atualmente, cerca de 185 mil pessoas no Brasil estãoem tratamento contra a aids. Delas, 85 mil tomam o medicamento. Alémda produção do Efavirenz, a Fiocruz já estuda apossibilidade de produzir medicamentos genéricos do Tenofovir,outra droga que compõe o coquitel anti-aids.