FSM termina como "novas inspirações" para buscar outro mundo possível, diz organizador

01/02/2009 - 17h49

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém (PA) - Depois de seis dias deprogramação, o Fórum Social Mundial (FSM) chegouao fim hoje (1°) com “novas inspirações” parabuscar um outro mundo possível. A avaliação édo sociólogo e membro do Conselho Internacional do FórumSocial Mundial Cândido Grzybovski, que participou de entrevistacoletiva ao lado de movimentos sociais para apresentar um balançoda reunião internacional.“Terminamos a semanacom um cansaço cívico e cidadão, com novasinspirações, renovados na busca de um outro mundo”,afirmou.Para Grzybovski , arealização do evento em Belém tornou esta ediçãoum marco para o FSM pelas relação “entre a Amazôniae a utopia” e pela crise que “enterrou” o FórumEconômico Mundial, que ocorreu simultaneamente em Davos, naSuíça. “Ocupamos um enorme vazio na agenda mundial”.O número departicipantes superou as previsões da organização,que eram de 120 mil pessoas, e chegou a 133 mil. Entre eles 1,4 milquilombolas e 1,9 mil indígenas, a maior participaçãodesses segmentos em todas as edições do FSM, segundo Grzybovski.Representante daslideranças indígenas, o peruano Mario Palacios disseque o FSM foi importante para dar protagonismo aos povos da florestae comunidades tradicionais. “Há uma alternativa a essa crisecivilizatória, climática, energética. Concluímosque outro mundo é possível e está nos povosindígenas. Somos atores políticos vivos, nãosomos a parte folclórica da democracia”.Palacios tambémanunciou a realização do 5º Fórum SocialMundial Pan-Amazônico, aprovada em assembléia durante amanhã. A participaçãode comunidades indígenas também foi lembrada pelarepresentante do movimento negro, Nilma Bentes. “O Fórumabriu possibilidade para que o movimento negro estreitasse relaçãocom o movimento indígena”. Pela primeira vez, segundo Nilma,as questões raciais foram pautadas em um FSM comoreivindicavam os movimentos sociais.O ativista palestinoJamal Juma, coordenador do movimento Stop the Wall, agradeceu arecepção do Fórum à causa palestina edisse que a reunião foi uma oportunidade de apresentar aomundo o que chamou de apartheid israelense. “Nesta hora emque testemunhamos o massacre do povo de Gaza, o Fórum éuma plataforma para mostrar a luta do povo palestino. Queremos pedirapoio do Comitê Internacional para forçar Israel acumprir leis internacionais”.Em 2010, o FórumSocial Mundial vai ocorrer de forma descentralizada, sem uma cidadesede. Para 2011, a África e o Oriente Médio sãoos prováveis candidatos, mas os Estados Unidos tambémpodem estar na lista, segundo Grzybovski.Uma agenda mundial demobilizações também foi anunciada hoje pelarepresentante do Fórum Social Europeu, a italiana RafaelaBolini, e inclui protestos durante a reunião do G-8, em maio,na Itália, durante a Conferência da Organizaçãodas Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,em dezembro, na Dinamarca, e até no aniversário de 60anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte(Otan), em abril.