Pochmann classifica medidas tomadas pelo governo para conter a crise como "tradicionais"

29/01/2009 - 16h15

Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém - A crise mundial vai exigir novas formas de organização da sociedade edas economias internas dos países. No caso do Brasil, a solução inclui maisdiversificação das relações comerciais e mudanças no sistema bancário,de acordo com o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica eAplicada (Ipea), Márcio Pochmann, que participou hoje (29) de semináriodurante o Fórum Social Mundial. Pochmmanclassificou como “tradicionais” as medidas tomadas pelo governo paraconter a crise até agora, mas defendeu iniciativas como o aumento desalário mínimo e extensão do alcance do Bolsa Família, porque são“injeções na veia”, com efeito rápido na economia. Segundo opesquisador, o Brasil foi o primeiro a sair da crise de 1929 por causa dedecisões nacionais, como o fortalecimento dosistema de proteção social, por exemplo. “Também é preciso tomarmedidas inovadoras hoje. Não vamos resolver a crise usando receitaspassadas.”Dessa vez, o caminho para evitar maiores impactos do colapso do sistema financeiro mundial vai ter que considerar mudanças no padrão de financiamento e acesso a crédito e no modelo de produção e de consumo, segundo Pochmann. “Aindahá a questão do envelhecimento da governança global, com a incapacidadede instituições do pós-guerra, como o Fundo Monetário Internacional,coordenarem ações para tirar o mundo da crise”, acrescentou. Naavaliação do presidente do Ipea, o Brasil precisa reestruturar osistema bancário para depender menos do exterior e garantir acesso dosmais pobres ao sistema financeiro e “repensar” o sistema produtivo.