Crise não afeta orçamento de município no Rio, mas prejudica área de comércio e serviços

23/01/2009 - 18h17

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A prefeitura de Porto Real nãoteme problemas em seu orçamento com a paralisaçãodas atividades da Peugeot-Citroën, que tem fábrica nomunicípio e novamente dará férias coletivas aseus empregados a partir de segunda-feira (26). A afirmaçãofoi feita hoje (23) pelo secretário municipal de Fazenda,Célio Gammaro. De 8 de dezembro a 5 de janeiro, a empresatinha dado férias coletivas a seus empregados. Segundo o secretário,o problema da Peugeot não influencia diretamente a questãoorçamentária do município. Isso sóocorreria dentro de dois ou três anos, se o faturamento daempresa caísse muito. Gammaro explicou que oorçamento municipal de 2009, estimado em R$ 110 milhões,foi feito com base na arrecadação de 2006/2007 doImposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços(ICMS). De acordo com o secretário, não háperspectiva de crise para os cofres municipais agora, porque oorçamento foi determinado com base no repasse do ICMS de2006/2007. Ele admitiu, noentanto, que se a montadora tivesse queda muito forte de arrecadaçãoisso acabaria afetando todo o estado de alguma forma, “porque oICMS é repartido em índices para todos os municípios”.O índice de Porto Real é de 1,33%. Se houvesse reflexosagora, seriam mais expressivos nos setores de comércio eserviços, disse. Na área decomércio e serviços, no entanto, os empresáriosjá enfrentam problemas. O proprietário do SupermercadoLulinha, Gustavo Cianelli, por exemplo, teme que o movimento caia,porque a maioria de seus clientes trabalha em indústrias daregião. Como já houvedemissões e férias coletivas nas fábricas,Cianelli disse que tomou “medidas de precaução”: ocrédito está sendo limitado e cheques pré-datadossó são aceitos quando o cliente já écadastrado.No restauranteMolica’s, a proprietária, Maria Georgina Ettore, teve dedispensar três dos 12 funcionários e não descartanovas demissões. Projetado para atender os funcionáriosdas montadoras e demais indústrias locais, o restaurante temtido menos procura. “Sem produção, não temdinheiro”, disse Maria Georgina.Otimista, a empresáriaacredita que as férias coletivas sejam uma tentativa degarantir os empregos no setor, porque “a venda caiu muito. Ospátios das montadoras estão cheios de carros”. Eladisse esperar que, com a posse do democrata Barack Obama naPresidência dos Estados Unidos, a crise financeirainternacional tenha solução rápida. “Resolvendolá [a crise], resolve aqui também”, afirmou.